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Prêmios

• Palma de Ouro e Prêmio do Juri Ecumênico no Festival de Cannes de 1978.

• César de melhor filme estrangeiro (1978)

• Escolhido melhor filme estrangeiro pelo Círculo de Críticos de Nova Iorque.

Está saindo no Brasil em DVD um dos filmes europeus mais aclamados da década de 70. Hoje um tanto esquecido, talvez por conta de sua prolongada ausência das prateleiras das videolocadoras nacionais, A Árvore dos Tamancos tem agora a chance de ser redescoberto. E merece: venceu a Palma de Ouro de 1978 e figura entre os filmes italianos mais importantes do período.

Dirigido por Ermano Olmi (de A Lenda do Santo Beberrão), o longa-metragem é um tocante retrato da classe campesina no interior da Itália. Não se trata, contudo, de um libelo político, de um manifesto esquerdista anacrônico. É, sobretudo, um profundo estudo sobre a vida de uma fatia significativa da população muito pouco representada pela cinematografia do país em forma de bota.

Em uma das seqüências mais significativas da produção, um pai camponês entra numa discussão com um padre católico. O religioso argumenta sobre a necessidade de um dos filhos, o mais inteligente da família, freqüentar a escola. O lavrador queixa-se de não poder abrir mão do menino agora. Acaba de nascer um novo rebento e a família precisa do mais velho mais do que nunca para ajudar em casa. O sacerdote, no entanto, não se conforma. Replica que, se perdem um pouco de ajuda agora, os benefícios da escola permitirão ao menino ajudar a família no futuro. A argumentação do padre acaba vencendo. Pelo menos por ora.

Olmi faz um filme de remisniscências, possivelmente suas, e surpreende o espectador quando o pai camponês entra violentamente numa sala de aula e retira seu filho dali, para labutar em casa. Sua justificativa: "Precisamos dele para cuidar das ovelhas".

Considerado uma espécie de representante do pós-neo-realismo-tardio, referência ao movimento cinematográfico surgido na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, de Vittorio De Sica e Roberto Rossellini, Olmi orquestra seu filme com um detalhismo de quem sabe do que está falando. Seu foco, mais até do que a história, está na beleza da rotina de gestos humanos, em seu empenho em não se render a recursos melodramáticos apelativos.

Tanto que a narrativa é, na verdade, uma costura delicada e requintada de episódios que se complementam: a colheita do trigo, a matança do porco, as andanças das personagens pelo campo, o adubo da terra com esterco de galinha para colher antes e melhor os tomates, a aproximação tímida e o casamento pastoral e a casta lua-de-mel num convento (que acolhe órfãos) dum jovem casal.

Na verdade, Olmi está tecendo uma colcha, um painel da vida ao mesmo tempo dura e poética no campo. Tristíssimo, é bem verdade.

O desfecho de A Árvore dos Tamancos justifica o título do longa-metragem e está entre os mais pungentes da história do cinema. O pai, que no início do filme questiona o padre sobre a eficácia prática da escola, vê na seqüência final toda sua família de numerosos filhos ser expulsa das terras de seu patrão. Tudo porque, num momento de consternação, depois de ver seu filho chegar em casa com os pés frios e descalços vindo do colégio, corta uma árvore da propriedade para fazer um singelo par de calçados para seu garoto. Descoberto no fim, é cancelado o arrendamento que tem com o proprietário. A imagem final da família se retirando da propriedade é inesquecível – e de partir o coração. GGGGG

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