• Carregando...
Avatar: o belo visual perde impacto fora do cinema e sobra uma trama interessante, mas prejudicada pelo roteiro didático de James Cameron | Divulgação
Avatar: o belo visual perde impacto fora do cinema e sobra uma trama interessante, mas prejudicada pelo roteiro didático de James Cameron| Foto: Divulgação

Avatar é um filme de superlativos. Produção mais cara da história. Maior bilheteria de todos os tempos. Divisor de águas na história do cinema em 3D. Diante de tantas credenciais, traduzidas tanto em números de arrecadação quanto em estima popular, falar mal do blockbuster de James Cameron é, por um lado, uma tentação. Por outro, uma temeridade.

Quando chegar, na próxima quinta-feira, às locadoras e lojas de todo o mundo nos formatos DVD e Blu-ray, Avatar terá alguns inimigos diante de si: telas de televisores domésticos que, por maior e mais avançados que sejam, não têm o impacto de um telão de IMAX; e, o maior de todos, a impossibilidade, pelo menos por ora, de assistir ao filme como ele foi pensado originalmente. Em três dimensões.

Tirando a tela grande, a tridimensionalidade, a reprodução espetacular de cada ruído, respiração e acorde da trilha sonora de Avatar, o que sobra? O belo visual, ainda que desfalcado de boa parte do seu impacto, e uma trama até certo ponto interessante, apesar de prejudicada pelo roteiro didático de Cameron.

Feito para agradar desde alunos da quinta série do ensino fundamental até adultos que adoram se sentir como adolescentes, Avatar impressiona. Não há dúvidas. Começa bem, com uma cena de impacto da nave onde o protagonista, o fuzileiro naval paraplégico Jake Sully (Sam Worthington), dorme, no aguardo de um procedimento médico que poderá devolver-lhe os movimentos das pernas. Não é bem assim.

Sully tomará o lugar do irmão, morto em combate, nu­­ma missão. Voltará a caminhar sob a forma de um avatar híbrido a ser enviado ao planeta Pandora, espécie de Éden sideral. Terá a aparência de um de seus habitantes, os Na’vi: seres muitos mais altos que os humanos, com pele de coloração azul, rabos longos e coração puro. Amantes da natureza, lutam para proteger seu mundo da ameaça predatória representada pelos terráqueos (lê-se: norte-americanos).

É chover no molhado afirmar que, para falar da situação ambiental que vivemos hoje, a metáfora de Cameron, por mais que tenha fundamentos, é ba­­nal. Escolar até. Talvez essa literalidade explique a forte comunicação que a mensagem pacifista e ecológica de Avatar estabeleceu ao redor do mundo. Isso se evidencia ainda mais quando se vê o filme sem seus atributos tecnológicos, que o retiram do lugar comum e o elevam à condição de grande espetáculo. Fica só o discurso e ele cabe num parágrafo.

Quem viu os primeiros dois filmes da série O Exterminador do Futuro e Aliens, sabe que Cameron é capaz de tramar narrativas menos pueris, mesmo exercitando um gênero cinematográfico que na maior parte das vezes almeja apenas o entretenimento. O fato é que, com Avatar, assim como já havia feito em Titanic, o diretor preferiu levar à tela uma história linear, digerível, sem grandes voos filosóficos. Para todos. Deu mais do que certo. GGG

Serviço

Avatar. (EUA, 2009). Direção de James Cameron. Preço médio: R$ 39,90 (DVD) e R$ 79,90 (Blu-ray). Classificação indicativa: 12 anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]