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Baianos do Teatro NU: clássico de João Ubaldo nos palcos | Petrus Pires/Divulgação
Baianos do Teatro NU: clássico de João Ubaldo nos palcos| Foto: Petrus Pires/Divulgação

Uma viagem primitiva e autodestrutiva ao coração do Brasil profundo. Assim pode ser definido Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro, de 1971, clássico da literatura brasileira do século 20 que a companhia Teatro NU, de Salvador (BA), traz ao Teatro de Caixa a partir desta sexta-feira, 13, até domingo, 15.

Narrado em primeira pessoa por Getúlio Santos Bezerra, um militar sergipano com a missão de transportar um prisioneiro político, a obra é uma espécie de Ilíada sertaneja. Gravemente determinado a levar a sua missão, posteriormente revogada, até o fim, como um Aquiles redivivo – o ideal da moira grega e da inerente destinação trágica–, Getúlio se vê sozinho, perseguido e assombrado por suas memórias.

Dirigido por Gil Vicente Tavares, o monólogo foi o grande vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2011 nas categorias melhor espetáculo e melhor ator, e retorna depois de sessões lotadas na Fringe – mostra paralela do Festival de Curitiba – de 2013.

Esplendor dicotômico

Ambientada no Nordeste brasileiro dos anos 50, com seus coronéis, jagunços e espaços morais provisórios, Sargento Getúlio é também a metáfora de tempos de exceção, um retrato amargo de uma América Latina assinalada por regimes totalitários (de certo surrealismo institucional disseminado) sob o ângulo de um camponês-feudalista aferroado a um mundo que não existe mais.

"Getúlio é o arquétipo do sertanejo ponta-de-faca, arcaico, bárbaro, felizmente em decadência. Entretanto, ele é também um resoluto, defensor até as raias do absurdo daquilo em que acredita. Em uma época de efemeridade, é um modelo ambíguo que cativa por conta de sua autonomia e valorização extremada de princípios", afirma Tavares.

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