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De Verdade, primeiro disco da banda Nevilton, foi gravado com a formação que aparece na foto acima. Quando Nevilton e Tiago se mudaram para São Paulo, o baterista Flippi Stipp passou a substituir Éder Chapolla (à esq.) | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
De Verdade, primeiro disco da banda Nevilton, foi gravado com a formação que aparece na foto acima. Quando Nevilton e Tiago se mudaram para São Paulo, o baterista Flippi Stipp passou a substituir Éder Chapolla (à esq.)| Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo

"Acho que esse é o grande barato da arte: a gente não ter que manter uma só receita, um só formato."

Nevilton, guitarrista, vocalista e principal compositor da banda que leva seu nome.

Foi durante uma breve parada em Umuarama antes de partir para uma turnê de quatro mil quilômetros em 18 dias pelo sul do país que o músico Nevilton de Alencar conversou por telefone com a Gazeta do Povo. Ele tinha acabado de tocar com sua banda, que leva também o seu nome, num evento da prefeitura, que armou um palco no Lago Aratimbó no último domingo (20). "Estava superfamília, cheio de gente, todo mundo cantando. Conseguimos formar um público aqui", diz Nevilton.

Mas o guitarrista e vocalista do grupo, por acaso, também estava falando de casa. É que a banda surgiu ali mesmo, no noroeste do estado, em 2007, e radicou-se há cerca de oito meses em São Paulo. Uma mudança necessária. "Há mais de dois anos que íamos para lá ao menos uma vez a cada três meses", diz Nevilton. "Até mesmo por uma questão de logística. Nos voos para o nordeste, era mais fácil sair de lá. Morar pra lá tem nos ajudado mais nisso", conta Nevilton, direto da casa dos pais, antes de partir para shows em Santa Maria, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Erechim e Porto Alegre (hoje), passando por Santa Catarina antes de encerrar a viagem em São Paulo.

O histórico explica. O grupo já apresentou mais de 250 sho­­­­ws em todas as regiões do Brasil. Entre um e outro, fez um show de abertura para o Green Day, em São Paulo, para quase 30 mil pessoas. Já tocou ao lado de Erasmo Carlos, venceu o Prêmio Multishow 2011 na categoria Experimente, em setembro, e continua recebendo elogios da mídia. Tudo isso apenas com o EP Pressuposto, que o grupo distribuiu aos milhares por onde passou. Mas faltava uma gravação definitiva.

Filhote

Agora a banda tem o primeiro CD, lançado no mês passado. De Verdade – nome que surgiu da expectativa de finalmente gravar um álbum "de verdade" – tem 14 músicas, todas escritas por Nevilton e gravadas em 2009, e já conhecidas das incendiárias apresentações da banda. Pelo menos oito delas já tinham sido gravadas com menos recursos. "Algumas pessoas acham que falta novidade, mas para a gente ele é muito bom. É o nosso primeiro filhotinho, nosso primeiro ‘full album’", diz Nevilton. "A gente tem tido ótimas respostas. É um disco que já era, de alguma forma, bem esperado pela mídia e pelo público", conta.

Os arranjos têm a tradicional formação de power trio – hoje composta por Nevilton na guitarra e voz, Tiago Lobão no baixo e voz e Flipi Stipp na bateria (substituindo Éder Chapolla, que gravou o disco, mas saiu da banda). "Nossa intenção era fazer um registro maneiro, apresentável", diz o líder do grupo.

"Quisemos deixar os arranjos mais objetivos que no palco, onde a gente brinca bastante, faz toda uma farra. E deixar uma sonoridade de power trio", diz Nevilton, que assinou a produção do disco lançando mão mais de "puro zelo e calma" que de experiência na área. "Foi um grande aprendizado. E no estúdio tivemos ajuda de um técnico de som muito experiente, o Beto Machado, que já trabalhou com muitas bandas legais, como Titãs. Ajudou a gente a tirar um som legal", conta.

Estão no álbum músicas inéditas como "Tempos de Maracujá", "Fortuna" e "Por Um Triz", e outras em versões diferentes de suas primeiras gravações como "Ballet da Vida Irônica". "Elas já apontam para um lado de que a gente está cada vez mais próximo, um som mais dançante e mais brasileiro", explica Nevilton.

Mudanças

O disco pode não ter material inédito, mas marca uma fase de novidades para a banda. O público está diferente – vai aos shows mais disposto a ouvir e aceita bem melhor as músicas mais calmas. "Acho que isso dá uma nova perspectiva para fazer músicas com arranjos mais ousados, algo menos agitado", diz Nevilton.

O trabalho duro da banda – todo feito na base do faça você mesmo – também abriu novos espaços que acabam dando mais possibilidades artísticas. Eles estão começando a se apresentar em teatros e Sescs e em festivais mais ecléticos. "Temos tido estrutura melhor, tocado para públicos de vários gostos. Isso é muito legal", diz o vocalista. "Acho que esse é o grande barato da arte: a gente não ter que manter uma só receita, um só formato."

Aliás, alguma novidade deve vir logo no início de 2012. O guitarrista, que é também o compositor do grupo, diz já ter muitas músicas novas "no gatilho". Talvez duas ou três delas saiam em breve; talvez no começo do ano o trio trabalhe em um novo EP. Mas, por enquanto, o foco está na correria para distribuir De Verdade – que pode ser comprado na Livraria Cultura, nos pontos do coletivo Fora do Eixo e nos shows do grupo (em sua versão de R$ 5). Ou ser ouvido de graça em sua versão virtual da Trama. "Tem CDs sendo vendidos em Brasília e São Paulo. O nosso setor de distribuição – que, por sinal, somos nós – vai aos poucos tentando ir mais longe", brinca Nevilton. "A gente vai levar disquinho pra todo mundo."

Serviço

De Verdade, Nevilton. Independente. Selos Fora do Eixo e Sombrero. Preço médio: R$19,90. Rock.

Álbum virtual: bit.ly/nevilton-albumvirtual.

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