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Ivo Rodrigues deixou discos de canções inéditas e MPB

Gerson Bientinez e Ivo Rodrigues: música brasileira com voz do rock | Divulgação
Gerson Bientinez e Ivo Rodrigues: música brasileira com voz do rock (Foto: Divulgação)

Eu sei, eu sei: é muito chato. A cada músico importante que morre não de­­mora muito e lá vem o anúncio de que serão lançados discos de inéditas. Taí o Jimi Hendrix que não me deixa mentir, lançando disco novo 30 anos depois de morto. Mas o caso a que vou me referir agora não tem nenhuma grande gravadora se aproveitando do momento e tampouco é um projeto caça-níqueis. Trata-se de algo que vinha se desenvolvendo há mais de ano e que pode se transformar numa sincera homenagem a Ivo Rodrigues e à família dele. Ou em até duas homenagens. Ou seja, dois novos discos.

Antes de passar pelo transplante de fígado, Ivo, com a saúde debilitada, encontrou-se com o guitarrista Anselmo Neto, da banda Syd Vinicius. Neto estava com um estúdio de gravação em casa, coisa simples, mas divertida. Ivo se interessou e marcaram uma primeira tentativa no estúdio. Só Ivo e o violão fazendo a base. Deu certo e os dois se animaram. Começaram a gravar músicas inéditas de Ivo Rodrigues. Até a operação de transplante de fígado, foram gravadas oito novas músicas.

"São músicas que ele nunca tinha gravado, com andamento folk e um blues, com guitarras sutis", revela Neto. Depois de gravadas as bases, já foram acrescentados alguns instrumentos com os músicos da banda Syd Vinícius. Paulo Teixeira, grande parceiro de Ivo – os dois se conheceram há 45 anos e trabalharam juntos na A Chave e no Blindagem – gravou guitarra em uma das músicas. "O Ivo queria que o Paulo colocasse também voz em algumas músicas e eu ainda quero fazer um arranjo de violinos e mixar tudo, tomara que dê certo", conta Neto.

O disco vai levar o nome de uma das músicas: "O Velho Homem do Folk", cuja bela letra parece ser uma despedida de Ivo, cheia de melancolia, mas também de esperança (leia a letra no quadro) e é inspirada em Bob Dylan.

Segundo projeto

Então veio o transplante de fígado, em junho do ano passado, e as gravações foram interrompidas. Com a cirurgia bem sucedida, mais forte, Ivo ligou para reiniciar o projeto. "Ele voltou com uma voz mais forte e começou a lembrar de umas músicas antigas, que ele cantava com o pai, quando era garoto. Estava tão legal que eu falei para deixarmos o outro projeto na estante e começar a gravar aquelas músicas. Ele disse que tinha um bom violonista para acompanhar e convidou o Gerson Bientinez", relembra o guitarrista.

Ivo e Gerson se conheciam desde os anos 70, cada um de um lado da música, enquanto Bientinez dedicou-se à MPB e é um bom instrumentista e compositor nesta área, Ivo foi para o rock. "Há cerca de um ano e meio, nos encontramos e Ivo propôs montarmos um duo acústico. Eu sabia algumas músicas do Blindagem e ele também queria explorar a voz dentro da MPB, com músicas mais antigas."

O duo passou a se apresentar em bares, principalmente nos tradicionais Stuart e Hermes, onde Gerson continua às quinta-feiras, em companhia agora de Isabel Ferratt. Entre as músicas que os dois gravaram juntos estão alguns clássicos como "Marina", de Dorival Caymmi, "Rapaziada do Brás", de Alberto Marino e Alberto Marino Jr., que ficou conhecida na voz de Carlos Galhardo, e "Inútil Paisagem", de Tom Jobim.

Essas gravações estão de posse de Anselmo Neto e engana-se quem pensar que ele quer lançar isso agora para ganhar dinheiro. "Pretendo viabilizar a conclusão, colocar todos os arranjos e instrumentos que faltam e, depois, lançar e doar os direitos autorais para a família", afirma. Para completar tudo é preciso dinheiro. Pouco dinheiro para alguns, mas muito quando se fala de músicos. Quem quiser apoiar de alguma maneira pode entrar em contato com Neto pelo e-mail noninoneto@uol.com.br, ou no telefone dele: (41) 9183-3105.

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