Pagando algumas dívidas musicais de 2010

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Olá. Vou passar rapidamente por alguns artistas locais sobre os quais eu deveria ter falado mais no ano que se encerra. Não deu tempo, sinal de que a produção e a agitação cultural do Paraná estão em alta e que até falta tempo e espaço para tudo. Mas continuem mandando notícias pelo e-mail aí de cima. Como digo, vivo de notícias e sem elas a coluna morre.

Stella-Viva, Bardot em Coma, Terribilles

Três boas bandas que não resistiram ao 2010. Eram bandas para estarem aí, brigando por espaço como as melhores deste Paranazão, mas o destino as silenciou para o futuro. Ficaram no passado, um breve passado, mas que deixa marcas em quem as escutou. Felizmente, permanecem na internet. O MySpace, o YouTube e outros sites estão aí com sua memória digital e quem quiser matar a saudade destas bandas procure-as por lá.

Alguns dos integrantes partiram para outros caminhos artísticos. Fernando Rischbieter, guitarrista da Stella-Viva, de apenas 23 anos, mudou-se para São Paulo e lá assumiu a guitarra da banda da cantora e trompetista Claudia Dorei, um dos destaques do ano na nova música brasileira.

Outro guitarrista, Henrique Costa, deixou a também muito boa Bardot em Coma e trancou-se no quarto para gravar o EP autoral Em um Grão de Feijão, com o nome de Melahiel (http://www.myspace.com/melahiel). Este paulista do ABC, começou a tocar em um vioão que só tinha três cordas. Depois, o pai trocou um revólver por uma guitarra para ele. Cresceu ouvindo tudo o que podia e hoje consegue mo­­ver-se por diferentes tendências sem perder a autenticidade. Bola pra frente, cara.

Queria poder aqui falar do novo projeto de um terceiro guitarrista, Lucas Chan, da precocemente falecida Terribilles. Mas o cara ainda está na moita, para azar da música curitibana. Compositor e músico criativo, ainda não encontrou novo caminho, mas fica aqui o apelo público. Vai Lucas, vamos trabalhar, cara.

Lasttape e Kind Revolution

Curitiba teve uma leva de boas bandas contando em inglês. Citando três das já comentadas aqui: Copacabana Club, Rosie and Me e Easy Players. Pois aí vão mais duas, The Kind Revolution e Last Tape. Coincidência, as duas têm uma aproximação da música country americana, ou western swing, na descrição da própria Lasttape, embora este acento esteja mais marcado na Kind Revolution, projeto de Lorna Earnshaw e Ricardo Scartezini.

Lorna é argentina de ascendência inglesa, bailarina, guitarrista e cantora, além de jornalista, que canta e dá aulas de música em Curitiba e Porto Alegre. Ricardo é guitarrista, arranjador, produtor e compôs todas as canções do disco. Eles tocam com os músicos convidados Guima Scartezini (bateria), Rodrigo Canales (baixo), Fernando Deddos (teclados) e Mauro Miranda (guitarra). Lançaram o caprichado álbum Sweet Sunrise, em que também passeiam pelas influências do blues e jazz. À venda nas melhores lojas.

Lasttape tem uma pegada mais rock, mais indie. Não é tão amável na aproximação com a música americana do Oeste. É som mais pesado. Gosta de guitarras distorcidas e uma voz mais gritada do que cantada, mixadas à frente da parede sonora. Lançaram o EP Two Shots for the Lovers que você pode baixar na íntegra na internet (http://lasttape.bandcamp.com/). A banda é formada por Milkman Stars, Lee Kinski, Caro Newton-John e Joe Stranger, codinomes de, pela ordem, Maurício Carlakoski, Junior, Carol Pisco e Diogo Cézar (de Joinville). A banda briga pela primeira posição na escolha da Rádio Levis e promete lançar um álbum no começo de 2011. Assim seja.

Defenestrando

O blog Defenestrando (www.de­­fenestrando.com) fez uma coisa muito legal neste fim de ano. Jun­­tou representantes da im­­prensa, de blogs e produtores que elegeram os cinco melhores lançamentos e os cinco melhores shows de 2010. Quer saber quem venceu e os meus votos, vai lá, porque aqui acabou o espaço.

Ano agitado em que deixei de comentar muita coisa. Devo, não nego, pagarei quando puder. O Caderno G encolhe neste início de ano e por isso esta coluna também dá um tempo e volta em breve.