• Carregando...
A Inimitável Fábrica de Jipes faz rock “pé-na-estrada” | Bulla Jr
A Inimitável Fábrica de Jipes faz rock “pé-na-estrada”| Foto: Bulla Jr

Curitiba parece ser uma cidade isolada culturalmente tanto para dentro quanto para fora do Paraná. É uma relação estranha com o entorno paranaense. Recebemos muita informação e demandamos cultura das metrópoles líderes e até mesmo de capitais com o mesmo potencial cultural, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife. Mas exportamos pouco, muito pouco e praticamente ignoramos o nosso próprio estado em termos de troca. Quem de vocês, que estão lendo esta coluna, agora consegue, assim rapidamente, citar três bandas ou músicos do interior do estado? Ou diga pelo menos uma a que tenha assistido no ano passado? Pois é, viram como somos isolados dentro do nosso próprio estado? Então, tentando, timidamente, quebrar um pouco este isolamento estadual, comento aqui uma banda da região Noroeste: A Inimitável Fábrica de Jipes.

O grupo já foi citado aqui nesta coluna, na relação dos melhores da música paranaense do ano passado. Nasceu e vive em Maringá, desde 2002. O rock expressando palavras inspiradas em poesia beat, o rock "pé-na-estrada" (tradução interiorana para on the road). Em 2005, lançou o primeiro CD, O Dia em Que Seremos Todos Felizes!, no qual há pelo menos duas músicas que merecem ser ouvidas e regravadas por outras bandas: "Amsterdam" e "On the Road para São Tomé". As duas traduzem bem essa visão de falar do "pé-na-estrada", da vontade de pertencer ao mundo, mesmo que à medida em que essa realidade é revelada, isso venha a decepcionar.

O segundo disco da banda foi gravado em 2008 e acaba de ser lançado. É Canções Despedaçadas para Juntar os Cacos. Foi quase inteiramente inspirado no livro Poesiacústicodinâmica, de Rafael Souza, que também é o guitarrista e vocalista da banda. Mais uma vez, nota-se a busca poética, a conexão entre o rock e a palavra, a começar por "Explosível", que abre o CD e é um "poema espontâneo", recitado por Carlos Pacheco. A voz bêbada, embargada, mais uma referência beatnik que diz: "Eu sou uma dor que tu não conhece. Eu posso até ser rock-and-roll. Mas o meu rock-and-roll dói. Eu fui explodido. Ouve a minha música. Dance comigo, chore comigo, sofra comigo". As letras, embaladas por belas guitarras, continuam falando de deslocamento no mundo tanto em perspectiva espacial quanto existencial.

O CD tem ainda "Síndrome de Estocolmo", que já foi gravada pelo Terminal Guadalupe, e "Walking on the City", do escritor e dramaturgo Mário Bortolotto com Marcelo Leite, que é totalmente surreal, como qualquer noite na cidade após uma boas doses de álcool. Mas o disco mostra também muitos encontros e desencontros amorosos, para valer o seu título totalmente romântico. A banda poderia vir mais vezes a Curitiba. Contatos: www.inimitavel.com; inimitavel@inimitavel.com, ou (44) 3262-5355 e (44) 9113-3053.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]