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Amarone é um vinho muito encorpado, de 15 a 16% de álcool e concentrado, mas de poucos taninos. Ele é elaborado com as mesmas uvas do Valpolicella, Corvina, Rondinella e Molinara, destituídas de taninos, sem adstringência, por isto mesmo apropriado para polenta e pasta al dente. Bonarda é um vinho leve, originário do Vêneto, de baixos taninos, com características similares ao Valpolicella. Plantada na Argentina, era usada naquelas traquitanas enganosas, vendidas nas Casas de Tango, como "vinho tipicamente argentino".

Acontece que produtores argentinos decidiram dar à Bonarda um tratamento vip, e sob o clima seco e ensolarado de Mendoza, o vinho ganhou corpo, cor e concentração, com um perfume muito agradável, desce redondinho pela garganta.

O Amarone é o vinho de maior teor alcoólico em fermentação natural, mas o açúcar usado para produzí-lo é obtido por um artifício, o "recioto".

Esta técnica é fruto de um defeito acidental. As uvas da parte mais alta do cacho, da orelha (recia, em dialeto Vêneto) são atacadas por um fungo, botrytis, que transforma os grãos em passas. Com estas uvas secas se faz um vinho tinto doce que se chama Recioto della Valpolicella. O Amarone nada mais é que o Recioto fermentado até a última gota de açúcar. Hoje em dia o Amarone é feito de uvas secas em estrados, dentro de galpões, já que seria impossível ficar esperando a botrytização acidental.

Bonarda e Amarone são dois vinhos de mesmas características. Será que são parecidos?

Liminarmente vamos definir uma diferença importante, a técnica do recioto custa muito caro. Bons Amarones custam R$ 180, os melhores R$ 400, enquanto que um excelente Bonarda não passa de R$ 35.

Pusemos à prova na Confraria Invinovéritas, o Álamos Bonarda da Catena 2004, contra o Costasera Amarone della Valpolicella Clássico 2000 da Agrícola Masi.

O Amarone tem 15% de álcool contra 13,5% do Bonarda, mas sob este aspecto os vinhos não se diferenciaram, todos os dois muito equilibrados.

No mais, porém, são completamente diferentes. O Amarone tem um aroma mais intenso, caráter Botrytis. É macio na boca e longo no palato. Elegância.

O Bonarda é um vinho muito potente, enche a boca, mas perde na persistência.

Conclusão, os vinhos não têm a menor semelhança. O Amarone é melhor, mas não justifica o preço, absurdamente alto, como todos os excelentes vinhos italianos das safras mais recentes.

Conselho: tente um Amarone de vez em quando e o Bonarda sempre.

Serviço: Confraria Invinovéritas – degustação de Vinhos Ernesto Catena – dia 20, segunda-feira, às 19 horas. Reservas pelo fone (41) 3338-7519.

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