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William Hurt interpreta o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, durante o turbilhão da crise financeira | Divulgação
William Hurt interpreta o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, durante o turbilhão da crise financeira| Foto: Divulgação

No mundo financeiro e econômico, o dia 15 de setembro de 2008 ainda não acabou. O desabamento de bolsas e as notícias sobre "riscos significativos" vindos das economias dos Estados Unidos e da Europa, como as da semana passada, são ecos daquela segunda-feira negra, em que o banco de investimentos Lehman Brothers foi à lona, abatido pelos títulos tóxicos e ativos podres que detinha.

As circunstâncias que derrubaram a instituição e que trouxeram o caos aos mercados – a desregulamentação excessiva e a euforia do crédito no cenário norte-americano, o estouro de uma gigantesca bolha imobiliária com reflexos que ignoraram fronteiras geográficas – já foram exaustivamente tratadas na imprensa, em livros e em documentários. Too Big to Fail, filme da HBO que está na programação deste mês do canal de tevê paga, narra de forma dramática os acontecimentos que envolveram as autoridades financeiras dos EUA e os grandes executivos de Wall Street naqueles dias turbulentos.

A produção, baseada no livro homônimo do jornalista Andrew Ross Sorkin, é, portanto, um thriller diferente, cujos protagonistas são figurões como o ex-secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, interpretado por William Hurt, e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, vivido por Paul Giamatti. Pode parecer impossível criar um bom suspense a partir de diálogos – e são muitos diálogos – envolvendo balanços financeiros, derivativos e créditos subprime, mas o diretor Curtis Hanson (Los Angeles – Cidade Proibida) consegue a proeza.

O elenco de primeira grandeza também é responsável por transmitir bem a gravidade das infinitas reuniões e ligações telefônicas apresentadas, bem como as tentativas de tráfico de influência que pressionavam os agentes do governo George W. Bush, naquele momento em fim de mandato. Esse fator só piorava a situação, uma vez que, além das preocupações reais e imediatas com o colapso econômico, havia o período eleitoral para influenciar nas decisões. Além de Hurt, Giamatti e Billy Crudup (na pele do atual secretário do Tesouro, Timothy Geithner), o filme conta com ótimas atuações de Bill Pullman, James Woods e Evan Handler (todos fisicamente parecidíssimos com os banqueiros reais que encarnam).

O didatismo dos trechos em que os personagens se reúnem para discutir a crise – que, por vezes, mais se assemelha a um iminente apocalipse – é um ponto positivo do longa-metragem. A história, por si só, é complicada demais, e se tornaria ininteligível caso o roteiro exigisse do espectador "pescar" causas e consequências nas entrelinhas.

Uma prova das qualidades do filme é que, no último Emmy, a premiação da tevê americana, Too Big to Fail recebeu 11 indicações. Apesar disso, saiu de mãos abanando.

Serviço:

Too Big to Fail. Quarta-feira, às 17h37 (HBO). Dias 30 de setembro (12h10), 11 (22h10) e 13 de outubro (21h40), no HBO HD.

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