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Quando eu disse que tinha uma lista de coisas para fazer antes de morrer, as amigas que me ouviram ficaram impressionadas. Acharam a ideia estranha de início, mas depois se interessaram. "Então, você tem uma lista?", disseram. Em minutos, elas começaram a rabiscar alguns planos também.

A gente conversava sobre um saxofonista americano velhão, chamado Pharoah Sanders. Eu havia dito que vê-lo ao vivo era uma das coisas que desejava fazer antes de morrer. Quando descobri que ele se apresentaria em São Paulo em agosto, claro, eu fui.

Sanders estava mais velho do que eu imaginava. Com quase 70 anos, tocou pouco ao longo do espetáculo. Ele se movia bem devagar, parecia frágil e cansado. Não fez nenhum solo, mas dançou e deu alguns "gritos" com o saxofone entre uma nota e outra.

Foi uma daquelas situações em que você se sente ao mesmo tempo feliz e triste. Um tipo de melancolia confortável, como aquela que sente quando está no último dia de uma viagem muito boa. Você quer ir embora porque sente saudades de casa, porém, se pudesse, ficaria um pouco mais exatamente onde está.

De qualquer forma, não é todo dia que se pode realizar um item da lista de uma vida inteira. Então risquei "Ver Pharoah Sanders".

"O que mais você planeja fazer?", me perguntaram. Eu não sabia responder. E ainda não sei. Admito que usei a história da lista mais como força de expressão, para dar ideia do quanto seria importante encontrar um músico que faz parte da história do jazz. Na verdade, não tenho uma lista. Não tenho planos em que posso me agarrar num dia em que o trabalho está especialmente cansativo ou difícil.

Há quem sonhe com eletrodomésticos – um fogão, por exemplo –, ou algo mais sofisticado, como um iPad. Tenho dificuldade para me animar com coisas assim. Preciso comprar um fogão, mas acabei gastando dinheiro num tapete. O iPad me entedia profundamente e não consigo pensar num motivo que valha os R$ 2 mil. Ao menos não por enquanto.

O que mais eu gostaria de fazer antes de morrer?

Sem pensar muito: conhecer Viena, Tóquio e Praga. Las Vegas pode entrar na lista (de quebra, uma viagem de carro pelo Deserto de Nevada seria divertida). Pular de paraquedas, aprender japonês e correr uma maratona. Assistir a uma partida de tênis durante o torneio de Roland Garros e a outra no U.S. Open. Escrever mais e melhor.

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Interatividade

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