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O estupendo ator norte-americano Peter Dinklage vive Tyrion, cuja “anormalidade” incomoda | Divulgação
O estupendo ator norte-americano Peter Dinklage vive Tyrion, cuja “anormalidade” incomoda| Foto: Divulgação

Sob o risco de receber já nesta segunda-feira, via Sedex 10, minha carteirinha de integrante vitalício da Associação dos Nerds e Geeks do Universo, escrevo hoje sobre o mais recente episódio de Game of Thrones, série baseada na saga As Crônicas de Gelo e Fogo, do escritor George R. R. Martin, também responsável pelos roteiros do programa, que se tornou, assim como os romances, um fenômeno internacional.

Gostaria de falar mais especificamente a respeito do personagem Tyrion Lannister, vivido pelo estupendo ator norte-americano Peter Dinklage. Acusado de ter assassinado o próprio sobrinho, o psicótico Joffrey Baratheon (Jack Gleeson), fruto da relação incestuosa entre seus irmãos, Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) e Cersei (Lena Headey), o personagem é levado a um julgamento com cartas marcadas.

Apesar de ser inocente, interessa a todos, sobretudo a sua família, que Tyrion seja considerado culpado – e varrido da face de Westeros como uma erva daninha.

Depois de ouvir, ao longo do episódio, sucessivos testemunhos mentirosos, e de enfrentar o doloroso depoimento de sua ex-amante, Shae (Sibel Kekilli), prostituta por quem se apaixonou e que agora o acusa de ter tramado a morte do jovem rei, Tyrion chuta o balde. E diz exatamente o que lhe vem à cabeça: está sendo julgado e condenado não pela morte de Joffrey, que ocupava, até tombar, envenenado, o disputado trono dos Sete Reinos. Será condenando pelo fato de ser anão.

Nasceu "defeituoso", uma anomalia entre os loiros altos e bonitos (ainda que perversos) de sua família, crime pelo qual nunca foi e jamais será perdoado. E como sua estatura é desproporcional a sua personalidade, exuberante e por vezes até mesmo arrogante, Tyrion tem um efeito desestabilizador sobre a (des)ordem vigente na corte: como uma aberração da natureza, um ser "degenerado", pode ousar ter voz, ou ambicionar qualquer forma de poder? Melhor que seja eliminado, e esquecido, como se nunca tivesse existido.

Nesse aspecto, não há tantas diferenças assim entre a vida real, o mundo em que vivemos, e Westeros, uma terra imaginada, imersa em uma espécie de eterna Idade Média parecida com a Terra Média de Tolkien (de O Senhor dos Anéis), onde as trevas da busca pelo poder a qualquer preço parecem dar o tom.

Todos somos um pouco Tyrion quando, com ou sem intenção, batemos de frente com padrões pré-estabelecidos de comportamento, nos confrontamos com regramentos vigentes que estabelecem como devemos pensar, agir, que aparência devemos ter ou quem temos (ou não) o direito de amar. E a espada inclemente da norma é afiada. Chutar o balde, contudo, é sempre uma opção digna.

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