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Cezar Tridapalli: dois primeiros romances centrados na influência da literatura | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Cezar Tridapalli: dois primeiros romances centrados na influência da literatura| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

A formação como oficial do Corpo de Bombeiros não fazia imaginar que Nilton Cezar Tridapalli enveredaria para a literatura. Mas o interesse pelas belas letras surgiu, graças ao famigerado programa de leitura obrigatória de sua antiga escola (com ele deu certo). Eram 16 livros por ano na antiga quinta série, e era necessário falar sobre um livro a cada 15 dias.

"Era um esquema que vai contra todas as modernas teorias de ensino, mas me tornou um leitor", contou à Gazeta o Povo.

O encanto aumentou quando esse descendente de italianos, hoje com 39 anos, conheceu um professor também com raízes italianas num evento promovido pela Biblioteca Pública do Paraná: Paulo Venturelli, aposentado da UFPR que o influenciou muito e a quem o escritor dedica seu primeiro livro, Pequena Biografia de Desejos (7Letras). O curso de Letras veio muito naturalmente para Tridapalli, e depois um mestrado.

As primeiras páginas do primeiro romance ele escreveu muito tempo atrás, mas largou a ideia por anos. Quando as retomou, foi para iniciar uma rotina disciplinada de escritor – quem sabe facilitada pela memória do quartel.

Desidério, protagonista, é porteiro de um prédio e herda a biblioteca de um pseudointelectual. Depois que começa a ler aquilo tudo, decide escrever algo de sua própria autoria, mas tem dificuldade em concluir a obra.

"Sempre gostei de ler metaliteratura, a literatura falando sobre ela mesma. Mas ficar exageradamente nisso é um problema. Então criei esse personagem, tentei fugir do estereótipo do letramento ligado a uma classe."

A citação da literatura con­tinua, mas o registro social muda em seu segundo romance, O Beijo de Schiller, que venceu o concurso de romances inéditos Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura neste mês e, com isso, deverá ser lançado em abril.

Aqui o protagonista já é um escritor formado – mas prestes a ter seu mundo abalado. O livro agradará àqueles que amam encontrar sua cidade nas páginas de leitura, a começar pela rua que homenageia o escritor alemão do século 18 Friedrich Schiller, onde se passa boa parte da trama. O Passeio Público também surge em um determinado momento, entre outros pontos curitibanos – assim como os pensamentos do próprio Schiller, especialmente os saídos de seu ensaio Poesia Ingênua e Sentimental.

Na história, o "jeito pueril de falar" de um sequestrador impressiona um casal de intelectuais que se vê na mira do bandido, enquanto a cabeça do escritor está em Berlim, onde vive o personagem de seu novo livro.

Depois dessa experiência, Tridapalli quer mudar de ares. "Não vou escrever mais sobre literatura. Pelo menos não agora", garante, já lidando com seu próximo livro.

Mídias

Além de escrever, Trida­palli coordena o setor de midiaeducação do Colégio Medianeira, que agrega departamentos de mídia tradicional, como biblioteca e vídeos, e atividades relacionadas às diferentes artes. A Festa Literária do Medianeira (Flim), iniciativa do escritor, já passou por três edições e tem chamado a atenção nacionalmente como uma atividade de vanguarda entre escolas.

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