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Riccardo Scamarcio (ao centro) vive Tommaso Cantone, o protagonista do filme | Divulgação
Riccardo Scamarcio (ao centro) vive Tommaso Cantone, o protagonista do filme| Foto: Divulgação

O cineasta turco Ferzan Ozpetek é, ao mesmo tempo, romântico e ousado. Radicado na Itália, onde vem construindo uma sólida carreira, ele recorre a convenções do melodrama clássico para, com sutileza e inteligência, subvertê-lo. Não à moda de um Almodóvar, cuja preocupação formal é mais evidente, mas também com grande coragem de tocar em temas nevrálgicos em um país ainda tradicionalista e católico.

Em O Primeiro Que Disse (confira trailer, todos e horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza), que estreou em Curitiba sexta-feira passada, Ozpetek volta a trabalhar com o tema da homossexualidade, recorrente mas nem sempre central em seu cinema.

Como já havia feito com Stefano Accorsi, em Um Amor Quase Perfeito, e Raoul Bova, em A Janela de Frente, o diretor escalou um ator em ascensão no cinema italiano contemporâneo, no caso Riccardo Scamarcio (de Meu Ir­­mão é Filho Único), para viver o papel principal: Tommaso Cantone, um dos herdeiros de uma família burguesa, dona de um tradicional pastifício em Lecce, cidade histórica no sul da Itália.

Tommaso chega de Roma, onde teria estudado Economia, de surpresa, e pretende fazer um anúncio bombástico: na verdade, estudou Letras, não quer mexer com os negócios da família, quer ser escritor e é gay. O que ele não imagina é que seu irmão mais velho, Antonio (Alessandro Preziosi), vai aproveitar a ocasião para sair do armário antes dele, notícia que quase mata o patriarca Vincenzo (Ennio Fantastichini), que expulsa Antonio de casa. Resta então a Tommaso esperar.

Saborosa crônica familiar, O Primeiro Que Disse tira muito de sua força do excelente elenco de coadjuvantes, que vão desde a misteriosa avó dos rapazes (Ilaria Occhini), que guarda um grande segredo, até as impagáveis criadas, responsáveis por algumas das cenas mais engraçadas do filme. Sem falar da tia alcoólista (Elena Sofia Ricci), outra vítima do conservadorismo provinciano e uma atração à parte na trama.

O foco principal de Ozpetek, no entanto, é discutir os conflitos morais e psicológicos de Tommaso, que se relacionam com um trauma vivido pela avó na juventude. Ele, no fundo, não consegue se impor frente a sua família, mesmo quando tenta fazer o irmão voltar a ser aceito pelos pais. O interessante é que o diretor fala de tudo isso de forma ao mesmo tempo engraçada e emocionante. GGG1/2

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