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Uma lata de atum e uma maçã por dia. Essa foi a dieta seguida rigorosamente pelo ator Christian Bale para viver o personagem principal do longa O Operário. Em três meses, o astro galês de 31 anos emagreceu 27 quilos, cerca de um terço de seu peso normal. Como se não bastasse tamanha transformação, Bale logo em seguida foi recrutado para estrelar Batman Begins. Um mês depois, já estava de volta à forma original, graças a muito fast-food e musculação.

Casos como o de Bale não são novidade no cinema – vide o recente exemplo de Charlize Theron, que passou de bela à feiosa para interpretar a serial killer de Monster, filme pelo qual ganhou o Oscar de melhor atriz. Aqui, no entanto, a "mutação" impressiona ainda mais. Sem maquiagem ou qualquer outro recurso do gênero, Bale chega a assustar em sua versão pele e osso. Imagine algo entre um faminto etíope e um sobrevivente de campo de concentração nazista...

Recém-lançado em DVD, O Operário é o veículo perfeito para o ator brilhar. Especialista em papéis soturnos (como os de Psicopata Americano, Equilibrium e do próprio Batman Begins), Bale interpreta Trevor Reznick, um sujeito que não dorme há mais de um ano. Como todo insone, ele enfrenta no dia-a-dia as conseqüências desagradáveis desse distúrbio. Para piorar, Trevor é o típico loser: trabalha numa fábrica escura, mora mal e não tem família. Suas únicas companhias são uma prostituta (Jennifer Jason Leigh) e a garçonete da lanchonete do aeroporto (Aitana Sánchez-Gijó), um dos poucos lugares abertos madrugada adentro.

A situação se agrava quando o misterioso Ivan (John Sharian) entra repentinamente em sua vida. Abalado com a presença ameaçadora do novo colega de trabalho, Trevor causa um acidente em uma das máquinas da fábrica, o que acaba custando o braço de um dos trabalhadores. Mal visto pelos outros funcionários do local, ele entra em paranóia e passa a lutar para manter a sanidade.

Suspense psicológico claramente influenciado pelo estilo de Roman Polanski (O Inquilino, O Bebê de Rosemary), O Operário é o típico filme em que o clima está acima da história. O diretor cria uma atmosfera claustrofóbica e opressiva, acentuada pela fotografia marcada por cores escuras. Mas, no fim das contas, o longa é mesmo de Christian Bale. E não só por conta da transformação física. Bale desenvolve um personagem bizarro (porém humano) e desesperado, que a todo instante pede socorro por meio do olhar. Definitivamente, um dos mais interessantes trabalhos de atuação dos últimos tempos, desenvolvido pelo melhor ator da nova geração. GGG

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