• Carregando...

A essa altura, o leitor já sabe de toda a confusão em torno da escolha do nome de Daniel Craig como o novo James Bond, personagem eternizado por Sean Connery. Loiro, de baixa estatura para os padrões do famoso espião, feio, sem nenhum charme, foram algumas das alegações contra Craig feitas pelos fãs mais tradicionais, que reclamaram muito antes de ver 007 – Cassino Royale pronto. Eles podem até estar certos quanto às características físicas do ótimo ator (conceituadíssimo no teatro britânico), mas não vão se decepcionar com ele no novo filme da franquia de ação mais antiga do cinema, que estréia hoje no Brasil. Craig está muito bem como 007.

Mesmo com o sucesso de bilheteria do último filme com Pierce Brosnan no papel do agente secreto (007 – Um Novo Dia para Morrer), a produtora Barbara Broccoli decidiu que era hora de reciclar o personagem, trazendo-o para o mundo pós-11 de Setembro, onde vigoram na tela (do cinema e da televisão) alguns espiões ultraviolentos como Jack Bauer (da série 24 Horas).

A solução encontrada foi voltar ao passado, às origens do espião criado por Ian Fleming. Cassino Royale apresenta o momento em que James Bond ganha a alcunha 00 e recebe a famosa permissão para matar – o início do filme mostra, em uma bela fotografia em preto-e-branco, como foram os dois primeiros assassinatos do espião, dando o tom mais violento do personagem no restante da fita. Bond ainda é um diamante a ser lapidado. É arrogante, comete erros e, por isso, acaba algumas vezes levando a pior. Para completar, contrariando a eterna imagem de sedutor insensível, ele se apaixona pela estonteante bondgirl vivida por Eva Green (revelada por Bernado Bertolucci em Os Sonhadores).

O vilão – interpretado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen (Rei Arthur) – dessa vez é mais simples: não quer dominar o mundo. Ele deseja apenas arrecadar milhões de dólares que perdeu por causa de uma ação de Bond. Para isso, arma um milionário jogo de pôquer no cassino citado no título. Cabe ao espião impedir seu sucesso. A trama tem menos tecnologia e muito mais pancadaria – a cena de tortura de Bond é a melhor do filme; vai ter gente suando frio só de se imaginar na mesma situação.

Mas, como quase todos os blockbusters recentes, 007 – Cassino Royale é longo demais. A "eletrizante" partida de pôquer (para quem gosta do jogo), um dos pontos centrais da trama, é interminável e toma quase uma hora de duração da produção. A parte final, com o romance do espião com a bondgirl, também é arrastada. Resta conferir se o Bond de Craig irá "evoluir", alcançando o nível de charme do original, ou manterá o jeito carrancudo e tosco dessa primeira aventura, que abre novos e interessantes caminhos para a série. GGG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]