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Javier Bardem e  Penélope Cruz: casal dentro e fora das telas, exibe uma química extraordinária em Vicky Cristina Barcelona. | Divulgação
Javier Bardem e Penélope Cruz: casal dentro e fora das telas, exibe uma química extraordinária em Vicky Cristina Barcelona.| Foto: Divulgação

Influências

Woody Allen coleciona referências do velho continente em seus filmes.

- Em Vicky Cristina Barcelona, aparecem homenagens aos franceses Eric Rohmer (Pauline na Praia) e François Truffaut (Jules e Jim), cineastas que tem o amor como tema principal.

- Em seus trabalhos, Allen já homenageou também Ingmar Bergman, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni.

- Suas fontes literárias também são europeias e incluem Tolstói, Kafka e Dostoievski.

Vicky Cristina Barcelona chega às locadoras do país no próximo dia 12 e é o quarto filme da "fase europeia" do cineasta Woody Allen – o primeiro filmado na Espanha, após três produções situadas em Londres (Match Point, Scoop e O Sonho de Cassandra).

Barcelona e o seu povo são material de primeira para qualquer cineasta, sobretudo para o olhar arguto de Allen, que transformou sua cidade natal, Nova Iorque, em cenário indispensável para alguns de seus melhores filmes, como é o caso de Manhattan (1979). Mas o norte-americano parece não ter se preocupado em mergulhar na cultura espanhola, preferindo reafirmar os velhos clichês sobre a latinidade e contrastar sem sutiliza as diferenças entre norte-americanos e europeus.

A crítica está feita, mas pode ser relevada, já que a graça de Vicky Cristina Barcelona talvez esteja justamente em brincar com esses estereótipos para narrar uma deliciosa temporada de verão de duas garotas americanas em uma terra caliente. Leve e divertida, mas sem ser tola, a comédia – como não poderia deixar de ser – tem como alicerce duas características marcantes dos filmes do diretor: o humor ácido e os diálogos inteligentes.

Logo no início do filme, Allen utiliza um recurso que lhe permite exercitar sua ironia ferina: uma voz narrativa apresenta as belas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson, tida como "queridinha" do diretor depois de fazerem três filmes juntos) ao espectador, assim que elas aterrissam cheias de expectativa no aeroporto de Barcelona.

A primeira é séria, conservadora e inteligente. Está noiva de Doug (Chris Messina), um americano confiável, mas chato e pouco atraente. Cristina é seu oposto: loira, voluptuosa, aberta a novas experiências, mas insegura sobre o que deseja. Se esforça para esquecer um relacionamento mal-sucedido e o trauma de realizar um curta-metragem sobre o amor.

Elas conhecem Juan Antonio (Javier Bardem), um artista plástico extremamente sexy que tenta seduzir as duas ao mesmo tempo. Cristina se apaixona pelo pintor no instante em que o vê. Vicky faz pouco do artista, mas não demora muito a cair na conversa do latin lover – que a desarma justamente por se revelar um homem inteligente e sensível.

Quando Juan Antonio se decide por Cristina e ela parece, por fim, viver o idílio perfeito, eis que surge o vulcão Maria Elena, a ex-mulher do pintor vivida com intensidade "almodovariana" por Penélope Cruz – o que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Com a aparição da personagem, é como se o filme se tornasse outro. Penélope rouba a cena no papel de uma mulher intempestiva, que agarra a vida com fúria e paixão, seduzindo o ex-marido, sua namorada e todo o elenco.

Maria Elena põe mais fogo no clima de sedução e extrema sexualidade que permeia todo o filme – mas que tem cenas eróticas bem discretas. A mais picante nutre a fantasia sexual dos espectadores homens: o beijo a três entre Maria Elena, Juan Antonio e Cristina. Mas as mulheres também se divertem com o "touro de Picasso", como a atriz Fernanda Montenegro chamou Bardem após contracenar com ele em O Amor nos Tempos do Cólera. GGGG

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