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O cantor e compositor britânico Peter Gabriel é o idealizador do Womad | Divulgação/Revista da TV
O cantor e compositor britânico Peter Gabriel é o idealizador do Womad| Foto: Divulgação/Revista da TV

Milhares de pessoas espremidas, de pé por horas, para ver seu ídolo de perto. Música, coro, gritos, isqueiros ao ar. Na volta, pés enlameados e cansaço extremo. Pa­­rece que essa cena, típica de grandes festivais musicais, esta prestes a ter fim. Cada vez mais, grandes bandas – iconizadas – deixam de ser atração principal de megaeventos, que agora buscam alternativas diversas para atrair público e tornarem-se lucrativos.

É o caso do Womad, festival de world music criado por Peter Ga­­briel (ex-Genesis) em 1982, que desembarca pela primeira vez no Brasil entre os dias 3 e 5 de setembro de 2010, na Costa do Sauípe, na Bahia. Além de música – serão três palcos simultâneos –, há diversos eventos paralelos: o Global Village, que reúne tendas de ONGs e instituições dedicadas ao meio-ambiente, sustentabilidade, energia limpa e atividades sociais; o Taste the World, que oferece comida típica de mais de cem países e um workshop culinário oferecido pelos próprios artistas; a Villa Womad, com tendas para venda de roupas e artesanato, e uma área infantil com ati­vi­­dades musicais, recreativas e edu­­cacionais.

"Estamos vivendo o momento do fim da cultura do ídolo. As pessoas estão buscando cada vez mais o conteúdo e o novo. Os grandes festivais precisam pensar no que mais vão proporcionar às pessoas além da música", diz Ales­­sandro Queiroga, dono das produtoras Live Brasil Entre­­te­nimento e AQB e responsável pela produção do Womad no Brasil. Os artistas participantes ainda não foram confirmados, mas uma coisa é cer­­ta. Seguindo a tradição do festival, de oferecer o novo, não ha­­verá medalhões da música. A ex­­pectativa é de que 12 mil pessoas compareçam ao evento diariamente e se sintam "transformadas". "Espero que as pessoas en­­trem no festival e saiam diferentes", afirma Queiroga.

Coro

Outro exemplo recente foi o Skol Sensation, evento de música, dança e performances que aconteceu em São Paulo no dia 4 de abril deste ano. O público foi convidado a vestir branco para que uma espécie de "comunhão" acontecesse durante a noite. Todos os 40 mil ingressos foram vendidos.

O Lupaluna, festival promovido pela RPC que acontece dias 20 e 21 de novembro, também tem preocupação ecológica. O próprio local do evento – no encontro entre os rios Belém e Iguaçu – demonstra isso.

No dia 23 de novembro acontece em São Paulo o About Us, festival que trará Sting como atração principal e que também tem ações am­­bientais. Segundo o site do evento, "o objetivo é disseminar, por meio do entretenimento, os princípios da sustentabilidade e a necessidade de participação de cada um". Todo o evento foi planejado com re­­cursos e práticas sustentáveis (materiais reciclados, economia de enrgia, redução de gases).

"Nas décadas de 1980 e 1990, um artista colocava 30 ou 40 mil pessoas em seus shows. Acho que isso não existe mais. Essa tendência de diferenciar os festivais existe e é necessária para atrair mais público", diz Patrik Cornelsen, da Planeta Brasil – responsável pela vinda do Oasis a Curitiba.

Segundo o produtor, é difícil trazer uma grande banda devido ao alto cachê e ao posicionamento conservador de empresas que poderiam ser patrocinadoras do evento. "Há que se ter mais além do entretenimento", defende.

Já Fernando Lobo foi responsável pela realização do Curitiba Pop Festival, em 2003, evento que trouxe Nação Zumbi e a banda norte-americana The Breeders à Ópera de Arame, em Curitiba. A vinda de Pixies para a cidade, no show histórico que a banda fez na Pedreira Paulo Leminski, em 2004, também passou pelas mãos do produtor, que faz coro com Cornelsen e Queiroga.

"Hoje, para eventos grandes obterem sucesso, eles precisam de algo a mais, como uma interação maior com o público. As pessoas não podem entrar e ir embora, simplesmente", diz o produtor, que atualmente trabalha com o festival Curitiba Sonica.

Pequenos

Segundo os produtores entrevistados pela reportagem, outra saída para fugir do prejuízo na hora de promover shows é fazer espetáculos menores, com um ou dois artistas atuais que tenham público fiel ou interessado. É o caso, por exemplo, do I_CWB, evento que já trouxe a Curitiba o sueco Jens Lekman, os norte-americanos John Spencer e Nathan Bell e os franceses François Virot e Zombie Zombie.

"Shows menores, com menos bandas são mais fáceis de organizar e não corremos o risco de fazer um mega evento que muitas vezes não dá resultado. Além disso, o público que comparece é seleto e interessado", completa Lobo.

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