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São quatro os órgãos de tubo em Curitiba e, ao que consta, apenas o da Igreja Bom Jesus, de 1924, está em pleno funcionamento. Na noite gelada do último sábado, 19, aquele que já foi o rei dos instrumentos devido à sua importância histórica e abrangência sonora, voltou a ressoar, agora sob os dedos precisos – e os pés lépidos – do alemão Detlef Steffenhagen.

A ideia era interpretar peças clássicas que ganharam profusão quando foram utilizadas no cinema, em trilhas de filmes que às vezes são lembrados justamente por causa dessas composições. Com igreja lotada, Detlef iniciou seus trabalhos com "Fantasia e Fuga em Sol Menor", de Bach - trilha de Cada Um Vive como Quer (1970), estrelado por Jack Nicholson e dirigido por Bob Rafelson. E vale nota: o momento em que o silêncio de uma igreja é interrompido pelo som do órgão, tão cheio de significado, tem algo de chocante e de celestial.

Detlef estava no andar de cima, onde fica o instrumento. Então, uma projeção em frente ao altar mostrava seus movimentos nas chaves, nos dois teclados e nos baixos do órgão – tocados com os pés.

"Assim Falou Zaratustra", de Strauss, já é indissociável de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. O alemão imprimiu certa velocidade ao movimento tão conhecido. A peça O Fortuna, de Carl Orff, que traz a cantata "Carmina Burana" foi o auge pop da noite.

Detlef derrapou em algumas passagens da dificílima "A Cavalgada das Valquírias", de Wagner – trilha de Apocalipse Now (1979) –, mas conseguiu criar um clima soturno quando interpretou a envolvente música de Nino Rota para O Poderoso Chefão (1972), de Coppola. Na parte final do concerto, espaço para "amenidades", como a trilha do seriado Game of Thrones, músicas de O Senhor dos Anéis e até do musical Jesus Cristo Superstar – estávamos em uma Igreja, afinal de contas.

No bis, já com o povo de pé praguejando contra o frio, Detlef fez rápidas inserções de "Aquarela do Brasil" e "Tico-Tico no Fubá" em algumas outras composições clássicas. Simpático.

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