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Na semana em que foram anunciados os indicados ao Oscar 2006, uma enxurrada de estréias que concorrem ao prêmio mais cobiçado da indústria cinematográfica chega às telonas de Curitiba nesta sexta-feira (3). Do indicado a oito Oscars, "O Segredo de Brokeback Mountain" à reestréia do longa de Fernando Meirelles, "O Jardineiro Fiel", existem opções para a toda família não ficar em casa e ir aos cinemas da capital.

Com um orçamento de R$ 11 milhões, um valor baixo em termos de Hollywood, "O Segredo de Brokeback Mountain" estréia em Curitiba pautado por ótimas críticas ao redor do mundo e por um enredo polêmico, o filme mexe com o orgulhoso e secular mito do caubói norte-americano. Na trama, dois vaqueiros, Jack Twist e Ennie Del Mar, se conhecem em 1963, quando são contratados para cuidar de um rebanho de ovelhas em Brokeback Mountain, uma região inóspita do estado de Wyoming. Enquanto Jack tem o sonho de ser um famoso caubói, Ennie planeja casar-se com Alma, uma moça da região, tão logo o verão acabe. O isolamento na fazenda faz com que eles tornem-se grandes amigos, e desenvolvam um afeto maior do que a amizade. O verão termina e ambos se casam e tem filhos. Porém, as marcas daquele período permanecem em suas vidas para sempre. Eles têm filhos e continuam se encontrando as escondidas durante 20 anos, mantendo a paixão tórrida viva em seus corações. A polêmica da homossexualidade, mesclada com um mito "western" norte-americano já coloca o filme como um marco da história do cinema contemporâneo.

Seguindo a linha de "Brokeback", o filme que levou George Clooney a ser indicado ao Oscar de melhor diretor, "Boa Noite, e Boa Sorte" também trabalha a história de mitos da terra do Tio Sam. O longa aborda o período pós- Segunda Guerra Mundial, quando foi instaurada a batalha entre os pólos capitalista e comunista no mundo, a conhecida Guerra Fria. Dentro da característica excentricidade norte-americana, um político que se destacou (negativamente) nos EUA foi o senador republicano Joseph McCarthy. O político conseguiu instaurar na década de 50 um clima de terror e histeria muitas vezes infundado em todas as partes do país. Qualquer ato que pudesse ser declarado "social" era passível de severas punições por parte do governo. Nem os intelectuais e as mídias escaparam da ira de McCarthy. O senador declarou uma cruzada anti-comunista nos meios de comunicação de massa em sua época. E ícones da imprensa local batem de frente ao absurdo discurso político. Os jornalistas Edward R. Murrow e Fred Friendly, mitos da impresna local, fazem a linha de frente entre as trincheiras de uma guerra verbal aberta e declarada entre o senador e os jornalistas norte-americanos. Além do enredo e das atuações destacadas de David Straithairn e George Clooney, que vivem Murrow e Friendly, respectivamente, o filme foi todo rodado em preto e branco, o que traz uma realidade ainda maior para quem assiste ao longa.

Outro candidato a seis Oscars chega à Curitiba envolto a polêmica e uma quase crise diplomática. "Memórias de uma Gueixa", baseado no best seller homônimo de Arthur Golden, apresenta a história de Sayuri, uma menina separada dos pais ainda na infância e que acaba sendo levada para a cidade de Kyoto, no Japão, onde a sua beleza rara acaba sendo explorada em uma casa de gueixas – as folclóricas cortesãs nipônicas, hábeis na arte do entretenimento adulto à base de dança, música e sexo, eventualmente. Ainda pequena, a protagonista conhece o grande amor de sua vida, um homem conhecido como "Presidente". Enquanto vive em meio aos desencontros com o seu grande amor, Sayuri é treinada para ser gueixa e sofre humilhações dos mais diversos gêneros. O filme acaba em um dramalhão em que o sofrimento retratado nas famigeradas novelas mexicanas acaba sendo relembrado pelo expectador. A controvérsia que envolve a produção grandiosa se deu porque atrizes chinesas interpretaram "prostitutas japonesas". Pelo menos foi o que o governo dos dois países entendeu. Apesar da polêmica, o longa traz uma bonita história de amor.

Para os amantes das séries selvagens do Discovery Channel e do National Geografic Channel, a pedida é a produção francesa "A Marcha dos Pingüins". O documentário narra a saga de milhares de pingüins imperadores que, a cada inverno na Antártica, a região mais inabitável da Terra, abandonam a segurança do oceano e sobem para a superfície, com o objetivo de se reproduzirem e perpetuar a espécie. Para isso, os pingüins têm de seguir em fila indiana por uma intensa jornada até o interior das geleiras, onde as fêmeas colocam os ovos e saem em busca de alimento, enquanto os machos ficam tomando conta das crias. Após quatro meses, período em que os machos nada comem, os ovos começam a se partir e os filhotes nascem. Contudo, eles conseguem sobreviver apenas 48 horas sem comida, e dependem do retorno das fêmeas, que vão ao oceano em águas cheias de peixes e de inúmeros perigos.

Se as crianças não quiserem conferir a saga dos pingüins, uma comédia de sucesso nos Estados Unidos deve contagiar pessoas de todas as idades. "Vovó...Zona 2" é a seqüência do primeiro filme da série e as gargalhadas causadas pelo primeiro se repetem no segundo. Após os incidentes na pequena cidade do interior, o agente Malcolm está casado com Sherry. Porém, o mestre dos disfarces tem uma nova missão agora: apanhar uma assassina de homens ricos conhecida como Viúva Negra. A mulher tem aproximadamente 60 anos e vive em uma comunidade simples de Miami. Para elucidar o caso, Malcolm encarna mais uma vez Hattie Mae Pierce, a Vovozona. Ela se infiltra na família da assassina como babá, mas isto vai resultar e uma série de situações inóspitas para o policial e engraçadas para o público.

Já quem prefere um suspense, o thriller "Wolf Creek – Viagem ao Inferno" é uma ótima sugestão – mesmo que seja calcado em clichês do gênero, e se descaradamente uma cópia do enredo de "O Massacre da Serra Elétrica". Contudo, o filme apresenta os seus acertos. Baseado em uma história real, o longa conta a aventura de um grupo de jovens que parte em uma jornada recheada de sangue, vísceras e muita violência. Atravessando uma estranha região da Austrália, o Wolf Creek National Park, o grupo formado por um rapaz e duas moças tem problemas com o carro, que pára de funcionar no meio do nada. Neste momento surge um sujeito suspeito que está disposto a ajudá-los. Apesar de logo vir a mente de que esse personagem é quem irá desencadear a série de assassinatos e perseguições, a profundidade dos personagens e o clima de suspense encorpado diferenciam o filme dos clichês habituais do gênero, trazendo surpresas ao espectador.

A última estréia da semana é "Edison – Corrupção e Poder". Um jovem jornalista recém-formado descobre em sua cidade, Edison, um grupo de policiais corruptos. Com a ajuda de um experiente repórter e de um investigador da promotoria, ele busca desmascará-los. Porém, na tentativa de provar suas teorias, ele se envolve em uma trama perigosa e mortal. O longa traz o veterano e ganhador do Oscar Morgan Freeman e o cantor pop Justin Timberlake.

Confira os endereços e a programação dos cinemas

Reestréia

Com as quatro indicações ao Oscar, "O Jardineiro Fiel", de Fernando Meirelles, retorna para algumas sessões no Cine Novo Batel. O filme do diretor de "Cidade de Deus" prova que ele é um expoente na nova safra de diretores, com uma linguagem própria. Com Ralph Fiennes e Rachel Weisz no elenco, o filme é baseado no livro homônimo de John Le Carré. A história é sobre uma ativista, esposa de um diplomata inglês, que é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. O principal suspeito do crime é seu sócio, um médico que encontra-se foragido. Perturbado pelas supostas infidelidades da esposa, o marido Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide descobrir o que realmente aconteceu. A narrativa não linear, as cenas das favelas e a beleza natural do continente africano compõem uma fita atraente, que dá vontade de ver de novo.

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