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Gazeta - Como nasceu este seu livro? Algo aconteceu que serviu de centelha da narrativa?

Neste caso houve e eu não sei de onde surgiu. Tenho um daquelas famosas cadernetas de escritor -hoje é o meu celular -e andando pelas ruas do bairro onde moro (Alto da XV) anotei numa manhã, entre ideias dispersas, esta história do sequestrador. Já a ideia de falar do Schiller, eu tive lendo em pé em uma livraria no Rio de janeiro. Achei muito interessante a distinção que ele faz sobre as pessoas que encaram a vida com ingenuidade e as outras que tem certa malicia e artificialidade nas relações. Serviu como baliza para a outra ideia.

Gazeta - Lendo o livro me pareceu que você enxerga a figura de um sequestrador e de um refém na maioria das relações humanas. Estou certo?

Sim, eu concordo. No fundo, o livro que fala de amor em várias formas possíveis e bem diferente. Neste conjunto, eu incluo essa forma que é de se tornar refém de alguém ou de algum sentimento. A relação com o sequestrador é mesmo muito ambígua e às vezes descamba para uma tensão homoerótica. Eu sempre pergunto quantas formas do amor nós podemos destilar. Tem a ver com a construção dos personagens. Acho que melhorei isso em relação ao primeiro livro. Ninguém é tão canalha, nem tão honrado. Aquele livro é de certa forma mais polarizado, e o sacana é bem sacana, o protagonista é alguém para quem a gente se vê torcendo. Neste livro, todo mundo é mais cínico, mais humano. O livro foi premiado antes de ser lançado. Como isto te afeta? Ainda não recebi o prêmio (a cerimônia de entrega é depois de amanhã dia 10). Mandei o inédito e recebi a ligação dizendo que eu tinha sido escolhido. Quando a gente manda o texto, é claro que tem uma esperança de ganhar, mas não é algo com que se possa contar. Fico feliz, é claro. Talvez ajude a impulsionar um terceiro romance.

Gazeta - O que um escritor pode fazer por seu livro além de escrevê-lo?

Fico até meio triste de admitir, mas na hora em que o livro chegou como um produto acabado, mudou a relação de empatia que eu tinha com o texto. A adesão ao texto muda. Parece banal, mas a imagem de um filho que você lança no mundo ainda é a mais bem resolvida. Ele que vá agora cumprir o seu percurso.

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