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Carreira

Saiba mais sobre a história musical de Arnaldo Cohen

- Seu primeiro grande trunfo foi graduar-se com grau máximo em piano e violino pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também estudou Engenharia na Escola Politécnica daquele estado, na década de 1960

- Por unanimidade, Cohen conquistou o 1.º Prêmio no Concurso Internacional Busoni, na Itália

- Desde então, apresentou-se em mais de 2 mil concertos pelo mundo, como solista de diversas orquestras

- Recentemente, o brasileiro figurou na lista das dez melhores gravações eleitas pela revista Gramophone, bíblia do mercado fonográfico. Foi a primeira vez que um artista brasileiro foi citado na compilação

- Para o selo sueco BIS, Cohen gravou um disco dedicado inteiramente à música brasileira. Sobre ele, o crítico do jornal inglês The Times escreveu: "Cohen é possuidor de uma técnica extraordinária e capaz de chamuscar as teclas do piano ou derreter nossos corações"

- Arnaldo Cohen transita também com desenvoltura pelo campo camerístico. Integrou, entre outros, o Trio Amadeus, além de atuar regularmente com quartetos como o Lindsay, Endellion, Orlando e Chilingirian

- Em maio de 2011, o músico fará sua estréia no Symphony Hall, apresentado pela Orquestra Sinfônica de Chicago

Cada minuto é precioso para Arnaldo Cohen, de 62 anos. O tempo, diz o pianista, é o seu objeto de desejo preferido. E não há como mudar isso, já que sua luta contra o relógio tem origem em seu talento inquestionável. Internacio­nal­­mente reconhecido e dono da proeza de ser o único brasileiro a se graduar em Música com nota máxima em piano e violino, (Escola de Música da UFRJ), o carioca fará única apresentação em Curitiba hoje à noite no Teatro Positivo – Grande Auditório. Para completar a boa notícia: o ingresso é um quilo de alimento não perecível, que será revertido para instituições carentes da cidade.

O pianista conversou por telefone com a reportagem da Gazeta do Povo ontem, antes de conhecer o palco em que se apresentará. "Viajo muito e essa é uma grande dificuldade. Tenho duas profissões [professor de Música e concertista] e em maio fiz oito concertos em três continentes diferentes", disse Cohen, que desde 2004 vive na cidade de Bloo­­mington, estado da Indiana, nos Estados Unidos. O celular que estava a dispor de um requisitado Cohen tocou quatro vezes durante a entrevista.

O repertório do concerto será baseado em obras de compositores brasileiros como Francisco Braga, Luiz Levy, Alberto Ne­­pomuceno, Radamés Gnattali e Ernesto Nazareth. Peças de Cho­­pin, festejado em 2010 pela ocasião de 200 anos de seu nascimento (1.º de março), também estarão na partitura.

"Será um roteiro bonito e acessível, com peças conhecidas. O evento tem um caráter de confraternização, já que o ingresso é beneficente. E a música serve para isso também", explica Cohen.

Rachmaninoff brasileiro

Críticos de música erudita chegaram a comparar a relação de Cohen ao piano com a que criou Sergei Rachmaninoff (1873-1943), um dos pianistas mais influentes do século 20. Reza a lenda que o russo, dotado de mãos largas e flexíveis, conseguia atingir um intervalo de 14 notas. "A música é uma linguagem que expressa tudo. O seu intelecto, o seu consciente e o seu subconsciente. É um selo pessoal e intransferível. Por isso me vejo como uma ponte de algo, que é a própria música, e não como o ponto final", discorre o primeiro brasileiro a assumir uma cátedra vitalícia na Escola de Música da Universidade de Indiana. Na Inglaterra, onde morou por mais de 20 anos, Cohen lecionou na Royal Aca­­demy of Music e no Royal Nor­thern College of Music.

Sua maneira de interpretação – intensa, enérgica – e sua capacidade de "humanizar" as peças que toca ao retirar delas o ar robótico que muitos músicos eruditos acabam por acatar, o aproxima também do que pregava Gustav Mahler (1860-1911). O compositor e arranjador austríaco defendia a ideia da "música viva", aquela que não deveria ser executada duas vezes da mesma maneira.

Otimismo erudito

Apesar de crítico em relação ao posicionamento das instituições de educação no Brasil, Arnaldo Cohen revela seu otimismo quando fala sobre o atual momento da música erudita no país. O concerto de hoje é um bom exemplo. "Acho formidável que tenha esse tipo de iniciativa aqui. O grande problema no Brasil é o afastamento da cultura em relação à educação. Os dois deveriam caminhar juntos, mas não é o que acontece", disse ele.

O músico também destaca a vontade política, que acaba por impulsionar formações como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG), bons exemplos na música erudita brasileira. "É preciso que se estude um pouco de história para se verificar a importância da cultura na formação de um povo civilizado. Precisamos de líderes políticos com essa visão", comentou Cohen.

E o público? Aí o tom é outro. "As pessoas mudaram para pior. Sofremos uma involução cultural, já que a arte é um produto de consumo." "Será que precisamos de algo ruim[ditaduras, guerras] para evoluir por meio da música? É muito triste pensar assim", complementa. "Por isso as pessoas vão às boates ouvir esse ‘tunch tunch’: para se anestesiar."

Cohen se apresenta também em Porto Alegre, no próximo sábado (26), e em Florianópolis, no dia 3 de julho.

Serviço

Arnaldo Cohen. Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dia 23 às 20h. O ingresso é 1kg de alimento não-perecível, que poderá ser trocado com antecedência na bilheteria do Teatro.

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