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Fanfarrões

Cópias piratas de "Tropa de elite" desembarcam nos EUA

DVDs da capa avermelhada carregam até um "selo de qualidade", com uma bandeira brasileira, o logotipo do Bope e o nome do filme

Não foi só no Brasil que as aventuras do capitão Nascimento do Bope fizeram um "arrastão de realidade". O drama do chefe do Batalhão de Operações Policiais do Rio de Janeiro em busca de um substituto desembarcou nos EUA através de DVDs piratas de "Tropa de Elite".

Segundo um distribuidor, que concedeu entrevista ao GLOBO ONLINE sob condição de anonimato, pelo menos 1.500 cópias do filme de José Padilha já foram vendidas na região da Nova Inglaterra. O canal de distribuição tem sido os entregadores de jornais brasileiros.

- Me ofereceram cada cópia por US$ 3, e ainda disseram que eu posso vender por US$ 6 e as lojas por US$ 10 - disse um entregador de jornal que preferiu não se identificar. - Eu não aceitei revender, e quando disse que o meu negócio era jornal, o rapaz desligou o telefone - acrescentou.

Lojistas do estado de Massachusetts dizem que começaram a vender a cópia do filme há apenas três semanas, ou poucos dias depois da estréia nacional no Brasil em 12 de outubro. O preço revendido nas prateleiras de mini-mercados e padarias brasileiras varia muito. Numa loja de Hudson, Massachusetts, o filme custa US$ 15. Já no estado de New Hampshire, a mesma cópia pode sair por US$ 16 numa loja de envio de remessas de dinheiro, e por US$ 12 numa padaria, exibido entre queijos e guaranás.

Em Massachusetts, várias lojas de Worcester, Marlborough, Framingham, Hudson e Boston já têm estoques disponíveis.

- Sei de pelo menos três pessoas que distribuem em Massachusetts - disse um dos distribuidores.

Até agora, Marlborough, segundo a fonte, é a cidade campeã de vendas, com 500 cópias distribuídas. Ainda segundo ele, "a matriz veio do Rio de Janeiro e as cópias são feitas aqui nos EUA".

Há três cópias diferentes sendo comercializadas: com a capa azul, preta ou avermelhada. A capa azul é a falsificação mais grosseira. Na frente ela traz uma foto do Cristo Redentor com um soldado do Bope armado. No verso, uma sinopse reduzida apresenta erros de digitação. Já os DVDs da capa avermelhada carregam até um "selo de qualidade", com uma bandeira brasileira, o logotipo do Bope e o nome do filme.

Em uma loja em Nashua a atendente informa ao comprador que se "o DVD não funcionar no seu aparelho, a gente fornece outra cópia". Na mesma cidade, outro lojista aluga o filme por US$ 4 por 48 horas de locação. E a procura é tão grande que o comerciante está cobrando pelo retorno atrasado das cópias.

- Pedi o DVD de volta quando soube que ele entregou atrasado porque o amigo estava fazendo cópia em casa - disse o lojista, que pediu para que seu nome não fosse publicado. - Para mim, pirataria é problema de país pobre, onde o povo não tem dinheiro para pagar US$ 15 por um filme - emendou. Mas quem quiser comprar uma cópia de "Tropa" na sua loja terá que desembolsar US$ 22.

Quem não está vendendo "Tropa de Elite" usa um argumento equilibrado.

- A gente não tem não. O filme ainda nem saiu dos cinemas lá no Brasil - disse uma atendente de uma loja em Framingham, aparentemente, sem saber do mercado clandestino.

Os DVDs que circulam nos Estados Unidos não foram preparados para o mercado americano. Uma brasileira queria comprar uma cópia com legendas para que o marido americano entendesse o filme. A resposta foi direta: "é cópia pirata, não tem legendas", disse um comerciante brasileiro.

O tenente da polícia de Framingham Paul Shastany disse que nos EUA a violação à lei de propriedade intelectual é um crime civil e não é investigada pela polícia, cabe ao FBI. Segundo informações do Departamento de Justiça americano, os infratores podem pegar até cinco anos de prisão, e serem obrigados a pagar multa de até US$ 250 mil.

Ainda não dá para saber se os vendedores piratas dos EUA já faturaram o mesmo que os seus "colegas" do Brasil, onde estima-se que cerca de 3,5 milhões de pessoas assistiram ao filme antes da pré-estréia.

- Eu sou um peixinho pequeno. Vendo pouca coisa. Só tiro pra gasolina - esquiva-se um distribuidor.

Mas ele diz ter consciência de que a venda e a distribuição de propriedade intelectual sem a autorização dos seus autores é crime.

- Sei que são atividades ilegais. Não adianta ligar para os outros. Ninguém vai querer falar com o jornal. Todos eles vão negar (que comercializam) - concluiu.

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