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O Anticristo está apaixonado. Mais uma vez. Meses após o divórcio com a modelo Dita Von Teese, que tirou a roupa este ano em uma ação beneficente no Festival de Cannes, Marilyn Manson (registrado Brian Warner) já desfila ao lado da mais nova integrante de seu circo de horrores: a diva adolescente Evan Rachel Wood, de 19 anos, mais conhecida por seu papel no filme Aos Treze, de Catherine Hardwicke. As idas e vindas amorosas do cantor parecem ter fornecido material suficiente para gravar seu novo álbum de inéditas, Eat Me, Drink Me ("coma-me e beba-me", uma referência à eucaristia), após um hiato de quatro anos.

Mais pessoal e menos, digamos, rebelde que seus trabalhos anteriores, Eat Me, Drink Me, traz 11 faixas inéditas que foram compostas junto com o baixista Tim Skold, que se juntou à banda de Manson em 2002; e uma versão remixada do primeiro single do álbum, "Heart-Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand)", espécie de balada sombria em que o cantor revela ao mundo sua nova paixão adolescente. No videoclipe da música, ele aparece ao lado de uma Rachel Wood em versão lolita (com direito a roupa de colegial e aos clássicos óculos em formato de coração) em poses pouco ortodoxas e com sangue por todos os lados. "Tive que tomar um drink com os pais dela para explicar do que se tratava", contou o cantor em entrevista à revista Rolling Stone.

Sexto álbum de estúdio de Manson, Eat Me, Drink Me se distancia das experimentações eletrônicas de CDs como Mechanical Animals e traz uma sonoridade mais próxima do gothic rock, com fundo melódico. A percussão continua essencial, mas cede espaço a guitarras e baixos intensos, que marcam o compasso do álbum. No estúdio, nenhum dos integrantes da banda original esteve presente, apesar do tecladista Madonna Gacy já ter sido convidado para a turnê que estará em setembro no Brasil, com apresentações confirmadas no Rio de Janeiro (dia 25) e em São Paulo (dia 26).

Em "If I Was Your Vampire", faixa que abre o álbum, nada de muito novo: ambientação soturna e vocais levemente distorcidos, que desembocam no refrão, no qual a música ganha força. Mas ela é facilmente deixada de lado quando começa a balada "Putting Holes In Happiness", mais inspirada e pessoal, marca que se repetirá ao longo do disco.

Boa parte das músicas de Eat Me, Drink Me falam de amor. Mas não se engane: é amor à la Manson, e no dicionário amoroso do cantor a palavra "amor" pode ser seguida por improváveis "morte", "mutilação" ou "acidente", como na surpreendente "Mutilation is The Most Sincere Form of Flattery" ("mutilação é a forma mais sincera de bajulação", nu-ma tradução livre), um dos pontos altos do álbum, com ecos de Antichrist Superstar, o polêmico trabalho de 1996 que transformou o cantor em persona non grata mundo afora.

Dor de cotovelo também em "They Said That Hell’s Not Hot": "I kill myself in small amounts/In each relationship it’s not/About love/Just another funeral and/ just another girl left in tear" (Eu me matei aos poucos/cada relacionamento não é/amor/é só mais um funeral/e outra garota deixada aos prantos), balada que antecede a sombria "Just a Crash Away", também sobre amores (e fossas).

Com uma percussão mais pesada, "Are You The Rabbit" e "You And Me And The Devil Makes Three" não empolgam, ficando atrás dos metais melódicos de "Evidence" e "Eat Me, Drink Me", faixa título que encerra o álbum. Talvez o cantor esteja deixando a metade Marilyn (uma homenagem a Marilyn Monroe) falar mais alto que Manson (de Charles Manson, o serial-killer americano). Sinal dos tempos. GGG

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