• Carregando...
O artista plástico André Mendes foi o responsável por transformar a sede do Grupo Escoteiro Milton Horibe, no parque Túlio Vargas. Ele aproveitou as linhas retas da pichação para elaborar o desenho, e se inspirou na natureza do local | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O artista plástico André Mendes foi o responsável por transformar a sede do Grupo Escoteiro Milton Horibe, no parque Túlio Vargas. Ele aproveitou as linhas retas da pichação para elaborar o desenho, e se inspirou na natureza do local| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Serviço

Mucha Tinta na Cidade

Mais sobre o projeto na página do Facebook: www.facebook.com/muchatintanacidade.

  • O muro da Escola Municipal Nossa Senhora da Luz ganhou desenhos do carioca Renato Faccini

Experimente perguntar a qualquer morador da Cidade Industrial de Curitiba, mais especificamente nas imediações da Escola Municipal Nossa Senhora da Luz, onde ela fica. A resposta é rápida: é a escola do "muro colorido." A parede que cerca o local, antes branca e com algumas pichações espalhadas, passou a conversar com o bairro depois que o artista carioca Renato Faccini a transformou em uma tela gigante. A intervenção faz parte do projeto Mucha Tinta na Cidade, que levou arte para outros três muros da região – a ação foi viabilizada pelo Mecenato Subsidiado da Fundação Cultural de Curitiba.

No bairro, a escola Muni­­­­cipal São Miguel recebeu os traços do artista curitibano Celestino Dimas, e a sede do Grupo Escoteiro Milton Horibe, localizado no Parque Túlio Vargas, ganhou uma "tela" do também curitibano André Mendes. Um quarto mural será pintado pelo paranaense, que hoje reside em São Paulo, Rômolo D’Hipólito.

Enquanto Faccini pintava o desenho ao longo da última semana, o artista acolheu sugestões dos moradores, e principalmente dos estudantes da Nossa Senhora da Luz. Um dos elementos do mural, uma maçã "saindo" da árvore, foi sugestão de uma das crianças. "Até comida nós ganhamos dos moradores", conta a produtora do Mucha Tinta na Cidade, Giusy de Luca, que escolheu o bairro, o maior de Curitiba em área geográfica e o mais populoso capital, pela diversidade, e também pelo fato de a região, dificilmente, receber iniciativas artísticas.

Além da extensão, o CIC é repleto de extremos: comporta desde invasões até indústrias, passando ainda por grandes áreas residenciais. Em comum, porém, todos os lugares escolhidos pela produtora estavam pichados. "Queremos valorizar o contexto urbano, e fazer com que as pessoas possam interpretar o que quiserem dessas imagens, e dialoguem com a arte."

Para a concepção da ideia, Giusy se inspirou no Fame Festival, que revitalizou com desenhos e grafites a cidade de Grottaglie, no sul da Itália. "Nossa intenção é descentralizar a arte e incorporar o CIC à Curitiba."

Natureza

A ampla área verde do Parque Túlio Vargas serviu de inspiração para o desenho de André Mendes, que transformou o espaço do Grupo de Escoteiros Milton Horibe, localizado dentro do parque. Mendes, que já havia pintado outros murais – um dos mais conhecidos na cidade é um paredão de 35 metros de altura, na lateral de um prédio no bairro Campina do Siqueira – precisou adaptar sua pesquisa atual, restrita ao ateliê, a um espaço urbano. Por isso, aproveitou as linhas retas do picho na elaboração do desenho. "O grafite mais elaborado é algo muito diferente do picho. Mas o estilo é próximo. Então, tem uma ideia de continuação entre o meu trabalho e o que estava aqui, mas por outro caminho", define Mendes.

O presidente do grupo de escoteiros, Saul D’Ávila, espera que o colorido ajude a diminuir a pichação e a depredação do espaço. O fato de um módulo policial estar exatamente ao lado do parque não foi suficiente para inibir o vandalismo – além da pichação, janelas quebradas e arrombamentos fazem parte da rotina do local.

D’Ávila conta que os gastos com manutenção ultrapassam os investimentos com as atividades da própria sede. "A gente tinha de pintar o prédio a cada três meses", diz. "Espero que, a partir de agora, as pessoas respeitem, pois esse é um local de toda a comunidade."

Ampliação

A ideia da produtora Giusy de Luca é levar o Mucha Tinta da Cidade para mais espaços do bairro, em novas edições. "Queremos adotar o CIC", salienta. Entre os artistas que pretende trazer para Curitiba estão Speto, um dos principais nomes do grafite no Brasil, responsável pelas ilustrações da campanha A Copa de Todo o Mundo, da Coca-Cola, e o italiano Blu, famoso por uma série de grafites ilícitos feitos no centro histórico e subúrbios de Bolonha.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]