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Ufa. O temor não se concretizou. Os músicos e bailarinos do Teatro Guaíra que recebem por contratos comissionados não tinham certeza se seriam exonerados ao final da primeira gestão do governador Roberto Requião. Na dúvida, resolveram levantar a discussão sobre seus destinos: expuseram a situação a jornalistas e escreveram cartas de descontentamento às autoridades. "No final de dezembro, ainda não sabíamos o que iria acontecer", conta a bailarina Eleonora Greca. Junto com outros três bailarinos, ela integra a equipe de profissionais concursados do Balé do Teatro Guaíra – os outros 17 trabalham sob o regime de cargos comissionados.

Pouco antes do ano-novo, os bailarinos foram avisados de que os contratos comissionados continuarão vigorando até que um novo concurso seja realizado. "O governador não exonerou ninguém. Não sei dizer de onde tiraram esse boato", rebate a Secretária de Estado da Cultura, Vera Haj Mussi. Esse tipo de contratação temporária é considerada irregular pelo Tribunal de Contas, o que seria uma boa justificativa do governo para não renovar os contratos. Mas eles continuarão a vigorar.

A secretária reconhece que os artistas que integram os dois corpos estáveis do Teatro Guaíra – o Balé do Teatro Guaíra e a Orquestra Sinfônica do Paraná – vivem uma situação complicada. Ela atribui a culpa à ação popular que, desde 2004, proíbe a contratação comissionada pelo Estado. "As vagas não foram repostas por uma orientação judicial. Se não houvesse a ação, tudo ia continuar muito bem. Outros estados usam o cargo comissionado sem problema nenhum", afirma. O Balé do Teatro Guaíra têm 37 vagas, mas conta hoje com 21 bailarinos. Já a Orquestra Sinfônica do Paraná é formada por apenas 67 músicos – 19 contratados como comissionados. O número reduzido exige a contratação de até 20 músicos por concerto, dependendo do repertório estabelecido.

Recentemente, o governo do estado assinou a realização de um concurso para os corpos estáveis, mas ainda não há previsão de realização. "Estamos avaliando soluções nacionais para realizar um concurso em que o bailarino ou o músico seja tratado de forma diferenciada, e não como um outro funcionário público", diz Mussi. A demora para definir como será o concurso aflige o corpo de baile do Teatro Guaíra, que há 15 anos precisa lidar com o número cada vez mais enxuto de profissionais. "Como está, não dá para programar nada a longo prazo", afirma Eleonora Greca.

Ela concorda com a necessidade de diferenciar a forma de contratação dos integrantes dos corpos estáveis, mas atribui o barulho feito pelos artistas ao temor de que tudo continue como está por outros quatro anos. "O Paraná precisa se colocar como vanguarda. Leva-se anos para consolidar um grupo capaz de manter um repertório próprio, com continuidade e qualidade". Mas, como fazer isso sem saber como será o ano seguinte, ou o mês seguinte?, perguntam-se os músicos e bailarinos do Teatro Guaíra entrevistados, que preferiram não se identificar.

Parece que entre os inúmeros problemas, também anda faltando comunicação. Em época de férias, poucos artistas sabiam que seus cargos comissionados serão mantidos. "A orientação que recebemos é que devíamos esperar para ver o que iria acontecer", diz a bailarina. "Ninguém veio nos procurar para perguntar o que ficou resolvido", defende-se a secretária.

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