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 | Fotos: Divulgação
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  • Moby: após anos no elenco de uma grande gravadora, músico optou por voltar a ser independente

Ser o dono do disco de música eletrônica que mais vendeu na história já é algo que, por si só, causa uma grande pressão. Afinal de contas, mais de 10 milhões de pessoas ao redor do planeta possuem em casa um exemplar de Play, álbum lançado pelo DJ e músico nova-iorquino Moby, em 1999. E outros milhões de indivíduos que não contam com esse CD em sua coleção particular, já dançaram ao som de algumas de suas faixas, como "Honey" e "Find My Baby", ou então pararam diante da tevê ao ouvir a delicada melodia de "Porcelain" em alguma campanha publicitária.

Durante os anos seguintes a Play tal pressão pegou Moby de jeito. Seus três discos seguintes – 18 (2002), Hotel (2005) e Last Night (2008) –, apesar de muito bons, não obtiveram o mesmo sucesso comercial alcançado pelo artista anteriormente. Até que ele, finalmente, cansou de se preocupar com isso. Após ouvir um discurso do cineasta David Lynch, seu amigo pessoal, durante o Bafta (equivalente ao Oscar do cinema britânico) em 2008, Moby teve certeza do que fazer. Com as palavras de Lynch ecoando em sua cabeça, sobre a satisfação de criar tendo total liberdade e sem pressões mercadológicas, Moby decidiu voltar a ser um artista independente, como no início de sua carreira.

Foi esse o princípio que mo­­veu Wait for Me (2009), seu nono trabalho, cuja turnê chegou ao Brasil ontem, para as comemorações do aniversário de Brasília e passa ainda por Porto Alegre (20), antes de chegar à capital paranaense, na próxima quarta-feira (21), de onde segue para São Paulo (23) e Rio de Janeiro (24). Com canções de clima atmosférico e experimental, o mais recente álbum marca uma nova fase na trajetória do DJ, hoje com 44 anos. "Quando comecei, não esperava ter uma carreira, nem fazer parte de uma grande gravadora. Fazia música sim­­plesmente por achar algo mui­­to poderoso. Hoje, quando componho, basicamente tento fazer a música que amo e esperar que outras pessoas a amem da mesma ma­­neira", conta ele, em entrevista por telefone.

Gravado em um dos quartos de seu apartamento em Little Italy, região de Manhattan, Nova York, Wait for Me conta com participações especiais de amigos de Moby, desconhecidos do grande público e mixagem de Ken Thomas, que já trabalhou com a banda islandesa Sigur Ros. Para a turnê do disco, Moby preparou shows diferentes, em dois formatos: um para lugares pequenos, em que ele recria os arranjos das canções do mais recente álbum, mescladas a alguns de seus hits; e outro para lugares maiores, no estilo "best of", com mais sucessos do que novas canções.

Para o Brasil ele traz a segunda opção, acompanhado de um grupo de cordas, duas vocalistas, um baixista e um tecladista. "Os shows aí serão um pouco mais na linha ‘greatest hits’, talvez com mais canções de Wait for Me, mas basicamente com faixas de Play e 18", adianta o músico, que no palco se reveza cantando e tocando guitarra, teclado e percussão.

Após anos sem excursionar pelo mundo ao lado de uma banda, Moby se diz feliz por estar de volta aos palcos internacionais – "amo tocar ao vivo" –, mas lamenta alguns inconvenientes comuns às turnês, para os quais ele já não tem mais tanta paciência. "Não posso reclamar a respeito, porque é bom, mas a parte chata envolve muito tempo sentado, esperando. Sentado em aeroportos, em aviões, carros, quartos de hotel e nos bastidores. Depois de um tempo, eu acabo sentindo falta de casa e de simplesmente andar pela vizinhança", confessa.

Lynch e Sepultura

Um dos heróis de Moby desde que ele assistiu a Eraserhead (1977), o cineasta norte-americano David Lynch, além de ter sido a principal inspiração para o DJ na criação de Wait for Me, foi responsável pelo videoclipe da primeira canção de trabalho do álbum, a instrumental "Shot in the Back of the Head". "Perguntei se ele não teria algumas sobras de filmagem para o clipe e depois de uns dias ele veio com uma essa animação maravilhosa. Acho incrível o fato de alguém que eu respeito tanto ter feito um vídeo tão interessante para uma música minha", diz.

Desde então, Moby e Lynch se tornaram amigos e já fizeram outras parcerias em shows, entrevistas e vídeos. No início do ano passado, Moby inclusive fez a discotecagem do casamento do cineasta com a atriz Emily Stofle, que estrelou um de seus filmes, Império dos Sonhos (2006), o favorito de Moby dentre a filmografia de Lynch. "Essa é uma das poucas coisas boas em ser um músico famoso, poder conhecer alguns dos meus ídolos e trabalhar com eles", analisa.

Fã de música brasileira – dos discos de samba em parceria com o saxofonista Stan Getz, à discografia completa da banda Os Mutantes – Moby, também graças à fama, teve recentemente a oportunidade de trabalhar com outro de seus heróis: o baterista Iggor Cavalera. O duo de música eletrônica Mixhell (de Iggor e sua esposa, Laima Leyton) é um dos convidados a trabalhar uma das músicas de Wait for Me para um álbum de remixes, que será lançado no mês que vem. "Conheci o Iggor, porque ele era do Sepultura e eu sempre fui um grande fã da banda", conta, citando o também brasileiro Gui Boratto entre os responsáveis por outro dos remixes do disco.

Com liberdade de so­­bra, Moby revela que já está trabalhando em um novo disco, desta vez, duplo. "Será um CD in­­teiramente orquestrado e acústico e outro todo eletrônico. Não sei quando esse trabalho será lançado, provavelmente em 2011, caso as pessoas ainda estejam a fim de ouvir música e comprar discos ate lá", brinca.

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