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Qualquer um que trabalhe numa sala com mais de cinco pessoas vai se identificar com The Office. A série, cuja primeira temporada acaba de sair em DVD no Brasil, é um retrato ácido e irônico das situações que envolvem o cotidiano de um escritório. Está tudo lá: da bajulação à competição, passando pelo flerte entre funcionários, os fatídicos eventos de confraternização e as gafes que se comete todos os dias.

Versão americana do programa homônimo do canal britânico BBC, The Office estreou nos EUA sob desconfiança. Afinal, o ritmo mais lento e o sarcasmo típicos das comédias inglesas nem sempre colam do outro lado do Atlântico. Mas, graças a dois nomes, a atração caiu no gosto do público e da crítica, consagrando-se com o prêmio Emmy (o Oscar da tevê ianque) de melhor série de comédia em 2006.

Um deles é o produtor, diretor e roteirista Greg Daniels, cujo currículo inclui colaborações para Seinfeld, Os Simpsons e Saturday Night Live, entre outros clássicos da televisão. O outro é o ator e comediante Steve Carell, catapultado à fama pelos filmes O Virgem de 40 Anos e Pequena Miss Sunshine (este último indicado a quatro Oscars).

Carell, vencedor do Globo de Ouro 2006 por seu trabalho na série, interpreta Michael Scott, gerente regional de uma empresa fornecedora de papéis. Egocêntrico e incompetente, ele acredita ser visto com um grande líder por seus comandados. Pensa que é amigo dos funcionários e insiste em soltar piadas por onde passa – todas de péssimo gosto. Chega ao ponto de demitir de brincadeira uma secretária, como numa pegadinha, só para fazer graça. "Meus maiores ídolos são (o comediante) Bob Hope, Abrahan Lincoln, Bono e Deus", diz, fazendo "cara de conteúdo".

O local de trabalho ainda conta com outros estereótipos facilmente encontráveis no ambiente empresarial. Dwight (Rainn Wilson), assistente de Michael, é o bajulador de plantão. Ryan (B.J. Novak) faz a li-nha "estagiário de futuro". A recepcionista Pam (Jenna Fischer) e o representante de vendas Jim (John Krasinski) vivem num clima de paquera, mas nunca engatam um romance para valer. Todos são personagens de um documentário rodado dentro da empresa, em meio a um processo de reestruturação (leia-se corte de gastos) que pode acabar em demissões ou até mesmo no fechamento do escritório regional instalado em Scrancton, na Pensilvânia.

"Liderança", "gerência", "executivo", "avaliação", "reengenharia"... O lado patético e burocrático do mundo corporativo é ironizado sem dó nem pena em The Office, que a exemplo de séries recentes como Segura a Onda e The Comeback explora os silêncios e o constrangimento dos personagens. Impossível não se reconhecer ali. GGGG

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