• Carregando...
Sabina e Jung: relação perigosa | Divulgação
Sabina e Jung: relação perigosa| Foto: Divulgação

Serviço:

Veja trailer, fotos e sessões no Guia Gazeta do Povo

Não se deixe enganar pela embalagem aparentemente convencional de Um Método Perigoso, mais recente filme do cineasta canadense David Cronenberg, em cartaz desde a última sexta-feira em Curitiba. Os admiradores do diretor de obras ousadas, como Crash – Estranhos Prazeres (1996) e Marcas da Violência (2005), podem, à primeira vista, se decepcionar tanto com a linearidade do roteiro quanto com a ausência das experimentações visuais que costumam povoar os longas-metragens do diretor. É que, talvez, desta vez a trama em si já seja suficientemente subversiva.

A sequência inicial é perturbadora: uma jovem, em crise de histeria, é levada por uma carruagem a uma clínica psiquiátrica na cidade suíça de Zurique, onde será internada. Ele se contorce, se debate, geme, grita e ri ao mesmo tempo. Parece possuída.

Logo descobrimos que se trata de Sabina Spielrein (Keira Knightley, de Desejo e Reparação), uma jovem russa de origem judaica que, no início do século 20, busca tratamento para seu mal, que faz com que se comporte como um animal selvagem, fora de controle.

O médico designado para tratá-la é o psiquiatra Carl Jung (Michael Fassbender, de Shame), à época discípulo e seguidor de Sigmund Freud (Viggo Mortensen, astro de vários filmes de Cronenberg, entre eles Senhores do Crime).

Jung, casado com uma jovem aristocrata rica, enxerga em Sabina, cuja patologia ele descobre ser de fundo sexual, possivelmente gerada no seio familiar, a possibilidade de aplicar o método psicanalítico freudiano, baseado no diálogo entre paciente e terapeuta. Não antevê que a paciente se tornará, ao longo dos anos, sua amante e, por fim, colega de profissão.

Com roteiro de Chris­topher Hampton (vencedor do Oscar pelo script de Ligações Perigosas), baseado em sua peça teatral homônima, por sua vez inspirada em um livro de John Kerr, Um Método Perigoso fala tanto da relação entre Sabina e Jung, retratado como um médico com forte espírito protestante, sempre em profundo embate com seus deveres éticos e morais, quanto do vínculo algo edipiano do psiquiatra com Freud, seu mestre, que vai da admiração cega ao rompimento definitivo.

Sabina, que também se revela uma pupila brilhante, pode até ser considerada "curada" do ponto de vista clínico, mas sua natureza ambígua, selvagem, desestabiliza Jung profundamente. Mas também o coloca em movimento. E terá, em certa medida, algum impacto sobre Freud, quando ela, rejeitada pelo amante, se aproxima do pai da psicanálise, e nele encontra conforto intelectual.

Um Método Perigoso é, enfim, um filme intrigante, que merece ser visto.

GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]