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Eric Clapton: mais de três dezenas de músicos unidos por uma causa | Henning Kaiser/AFP
Eric Clapton: mais de três dezenas de músicos unidos por uma causa| Foto: Henning Kaiser/AFP

O bluesman Hubert Sumlin diz que pouco importa o quanto você é rápido ou técnico ao tocar a guitarra ou o violão. O mais importante é se consegue tocar com a alma. Sem ela, o blues não vai a lugar algum.

Usando um tubo de oxigênio, Sumlin aparece nos bastidores de Crossroads, o festival de um dia que Eric Clapton organizou para le­­vantar dinheiro para a fundação homônima dedicada ao tratamento de dependentes químicos.

O guitarrista conseguiu reunir mais de três dezenas de músicos no Toyota Park, um estádio de futebol de Chicago, no dia 26 de junho deste ano. As mais de quatro horas de música, divididas em dois discos, parecem uma árvore genealógica do blues que vai de B.B. King (85 anos) até Jonny Lang (29).

Nem todas as apresentações têm a "alma" de que falava Sumlin, mas os instrumentistas são, indiscutivelmente, uma seleção representativa do que existe de melhor no blues e nas suas ramificações, como o rock de John Mayer (que faz um bocado de barulho no palco) e a country music de Vince Gill.

Como o show é longo – o ma­­terial que terminou nos DVDs foi extraído de um dia inteiro de apresentações – e passa por gêneros diferentes, tem um pouco de tudo. Jeff Beck aparece com um figurino improvável tocando "Nessum Dorma", parte da ópera Turandot, de Puccini. Buddy Guy, de um carisma sem fim, canta "Five Long Years", composta por Muddy Waters, acompanhado de Jonny Lang e do rolling stone Ron Wood.

"Você já foi maltratado? En­­tão sabe do que eu estou falando", geme Buddy Guy no microfone. Em seguida, o trio engata "Miss You", uma versão instrumental para a música dos Rolling Stones.

Outro ponto alto é protagonizado pelo escocês Bert Jansch, de 67 anos, com a canção "Blackwaterside". Com banquinho e violão, ele entrega um dos momentos mais emocionantes do dia. "Angelina", na performance de Earl Klugh, também marca. The Family Band surpreende no início do show interpretando "Traveling Shoes".

No mais, várias canções mais parecem hinos, com músicos se agrupando no palco, cantando abraçados em coro e se revezando nos solos de guitarra.

Mais para o fim, já de noite, o anfitrião Eric Clapton sobe ao palco e tasca "I Shot the Sheriff", "Crossroads" e "Voodoo Chile". O desfecho é com B.B. King e "The Thrill Is Gone". "Esses jovens me tratam tão bem que estou começando a me achar importante", disse o bluesman octogenário. E é ele que se destaca no quesito "alma". Ainda que a idade o obrigue a tocar sentado, King consegue acessar sua alma usando as pontas dos dedos. GGG

Serviço: Crossroads – Eric Clapton Guitar Festival 2010. Rhino/Warner, preço médio: R$ 70 (DVD duplo).

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