Roteiro
Filme se concentrará na fase adulta do protagonista
Foi numa sessão do Festival É Tudo Verdade que Roberto Gervitz disse a Monica Schmiedt que gostaria de filmar Mãos de Cavalo. A resposta da produtora veio em duas partes. Primeiro, contou que, coincidentemente, a responsável pela adaptação seria ela própria, para quem Galera e a editora Companhia das Letras recém haviam cedido os direitos da obra. Depois, a produtora resolveu convidar o diretor para escrever o roteiro e assumir a direção do projeto.
Foram quase três anos de trabalho no texto, conta Gervitz, que mexeu profundamente na história original, suprimindo trechos que recordam a adolescência de Hermano e concentrando a trama em sua fase adulta. Se em Mãos de Cavalo, o livro, a narrativa não linear apresenta o protagonista como um cirurgião em preparação para um projeto de escalada que remói a culpa por ter abandonado um amigo num momento delicado do passado, no filme ele vai se debater entre ficar com a mulher grávida ou partir para a experiência na montanha. Seu gosto por aventura, representado pela prática do alpinismo e também pelas descidas de bicicleta nas ladeiras da cidade, será mantido na trama, até para que se estabeleçam claramente as dicotomias entre medo e coragem, culpa e compensação, tão claras em sua personalidade.
"Algumas imagens são importantes para que se expresse, no cinema, o que não pode ser dito. Na literatura, tudo está escrito, mas como afirmar certas coisas sem usar a palavra? É por isso que o filme precisa ser diferente do livro. É preciso encontrar outras soluções, às vezes mexendo na trama. Neste caso, eu quis ressaltar a busca pela liberdade que a fuga do protagonista evidencia", explica o cineasta.
Entre a culpa e a coragem que dividem o protagonista da história original de Daniel Galera, o cineasta Roberto Gervitz quer fazer de Mãos de Cavalo um filme sobre a liberdade. A adaptação do romance de Galera será rodada em Porto Alegre e em Farroupilha, na serra gaúcha, entre abril e maio do ano que vem.
Gervitz e o diretor de arte Adrian Cooper estiveram na capital gaúcha para pesquisar locações e ficaram empolgados com a paisagem e a luz da zona sul da cidade, que deve concentrar a maior parte da ação.
"Tem um espírito bucólico, com suas casas baixas e pracinhas cheias de árvores, às vezes cercadas de mato", diz o diretor, conhecido por longas-metragens como Feliz Ano Velho (1987) e Jogo Subterrâneo (2005).
"Pena que essas casas sejam quase todas protegidas por grades", comenta Cooper, um tantinho angustiado para encontrar uma residência que possa ser usada como locação principal.
Entusiasmada em levar a região ao cinema "A zona sul de Porto Alegre nunca foi vista assim, ao menos da maneira como vamos filmá-la" , a produtora-executiva Monica Schmiedt acelera o trabalho de pré-produção. Calcula que ainda precisa captar cerca de 30% dos R$ 3,8 milhões orçados. Mariana Ximenes e Maria Flor já estão certas nos papéis femininos de maior destaque (respectivamente Adri e Naiara), mas o ator que vai encarnar o protagonista, Hermano, ainda não foi definido (há chances de que seja Irandhir Santos), e os intérpretes mirins estão em processo de seleção, coordenado pela produtora de elenco Dani Fogliatto.
À exceção do trio de atores principais, do diretor, do diretor de arte e do fotógrafo (Lauro Escorel), a equipe deve ser composta inteiramente por profissionais gaúchos ou uruguaios, como contrapartida pelo recebimento do Prêmio de Coprodução Brasil-Uruguay. O cronograma de trabalhos prevê a pós-produção até o fim de 2014, com estreia no circuito de cinemas (a distribuição será da Europa Filmes) em março de 2015, e exibições na tevê, na rede de canais Telecine (que é parceira da M. Schmiedt Produções no projeto), a partir de janeiro de 2016.
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