• Carregando...
Pedreira Paulo Leminski: local segue interditado | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Pedreira Paulo Leminski: local segue interditado| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
  • Gravação do DVD do Inimigos da HP foi o último evento da Pedreira antes da interdição

Após receber durante dois anos consecutivos a programação de shows do TIM Festival, Curitiba ficou fora do roteiro em 2008, que acontece entre os dias 21 e 27 de outubro em São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória – palco também do festival em 2006 e 2007. Segundo o diretor de imagem e publicidade da TIM, José Luiz Liberato, a capital paranaense fazia parte apenas "de uma edição especial do evento" e por opção da organização foi descartada. "Este ano, optamos por ampliar a edição de São Paulo, criando a mesma estrutura existente no Rio de Janeiro", explicou.

Liberato garantiu que a Pedreira Paulo Leminski, que recebeu o evento em 2006 e 2007, foi apropriado para o evento. Atualmente, o local está interditado por conta de uma ação dos moradores da região, que reclamaram da bagunça e desrespeito ao horário de funcionamento em dias de show. "O fato de não ter este ano não significa que não haverá nos próximos. Curitiba é uma cidade que possui todas as características necessárias para a realização de um grande evento de música", garantiu, em tom de consolo.

No entanto, produtores locais discordaram de Liberato. "Hoje, temos a Pedreira que está interditada, e a Prefeitura não toma um posicionamento de estabelecer uma nova área para os grandes eventos", reclamou o produtor João Guilherme Leprevost da CWB Brasil, que trouxe a Curitiba Joss Stone, Julio Iglesias e Curitiba Country Festival, entre outros. Para ele, a Pedreira não é o lugar ideal para sediar grandes shows na capital paranaense. "É um espaço maravilhoso, mas também não é o mais adequado. Não tem estacionamento e é de difícil acesso", completou.

Leprevost contou ainda que já deixou de realizar eventos na cidade com grandes nomes da música por falta de espaço. "Temos contato com a empresa que está trazendo o show da Madonna para o Brasil. Se Curitiba tivesse espaço adequado para isso, nós teríamos ido até a empresa para tentar negociar. Não quero dizer que teria acontecido, mas a gente nem pôde tentar porque se a pessoa aceita, a gente não tem onde fazer", desabafou.

Ele protestou a importância do incentivo da Prefeitura para a realização de grandes eventos na cidade. "Quando você traz um Curitiba Country Festival, por exemplo, nós estamos falando de aproximadamente cinco mil pessoas que vieram de fora de Curitiba e geraram recursos para a cidade com hotelaria, alimentação, turismo de um modo geral. Um evento como esse emprega aproximadamente mil pessoas. Isso movimenta a economia."

Responsável pela gravação do DVD do Inimigos da HP em Curitiba e pelo festival Prime In Concert, Mac Solek, da Prime Produções e Eventos, fez coro a Leprevost. "Não tem espaço, ainda mais agora com a Pedreira fechada."

A fim de viabilizar a segunda edição do Prime In Concert que em 2007 contou com shows de Nando Reis, Natiruts, Jeito Moleque e Inimigos da HP, Solek disse que busca outros espaços para suprir a demanda. "Estamos buscando a região metropolitana, e inclusive o projeto Prime In Concert 2 esse ano provavelmente vai ser realizado lá", disse ele. Segundo Solek, o festival ainda não tem lugar confirmado, mas ele promete que acontecerá em 2008.

O Curitiba Pop Festival foi outra grande tentativa de fixar um festival na cidade. Em suas duas edições anteriores (2003 e 2004), trouxe a capital paranaense Pixies e Weezer, entre outros. Procurado pela Gazeta do Povo, o produtor Leandro Knopfholz se limitou a dizer, por meio da sua assessoria de imprensa, que não tem planos para o festival acontecer nos próximos eventos.

Em abril passado, aconteceu em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, a primeira edição do Lupaluna, organizado pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), que trouxe a Curitiba nomes da música pop rock nacional como O Rappa, Lulu Santos e Skank, além do DJ britânico Paul Oakenfold, cotado para abrir os shows da cantora Madonna no Brasil. A próxima edição do evento já está confirmada para abril ou maio de 2009, sem local definido.

"Caixa-preta" do Guaíra

Leprevost, que trabalha há 18 anos com produção de eventos em Curitba, apontou que outro grande problema para realização de shows na cidade é a dificuldade em agendar datas no Teatro Guaíra. "Apesar de ser um teatro público que todos nós que pagamos impostos, aquilo é uma verdadeira ‘caixa-preta’. Eles fazem de tudo para que você não faça evento lá", disparou. "Já escutei isso lá de dentro, de diretores do Guaíra, e eles não fazem questão nenhuma de sediar eventos porque não vivem dos eventos. Eles são subsidiados pelo governo."

Maria de Lourdes Rufalco, diretora artística do Teatro Guaíra, rebateu as críticas. "É uma informação errada. Não fazemos questão ou não, a nossa missão é a difusão cultural", informou. Segundo ela, as prioridades do teatro são a Orquestra Sinfônica, o Balé Teatro Guaíra e o G2 Companhia de Dança, além da Escola de Dança Teatro Guaíra - que não funciona no complexo, mas se apresenta uma vez por ano na casa.

"A gente atende tudo que é possível, tentando fazer uma pauta diversificada, além de ver a complexidade dos eventos. Tem coisa que montamos no mesmo dia, outras demoram de dois ou mais", explicou Maria de Lourdes. Ela garantiu que todos os pedidos estão protocolados e documentados, e há apenas um critério de escolha para que não aconteçam dois eventos de público semelhante em datas muito próximas.

Pedreira Paulo Leminski segue interditada

A Pedreira Paulo Leminski permanece interditada. A decisão da 4.ª Vara da Fazenda, que acatou solicitação do Ministério Público, entrou em vigor em agosto deste ano, e desde então a Fundação Cultural de Curitiba tenta reverter a situação. Uma ação civil pública atendeu pedidos dos moradores da região, que reclamavam do barulho e desordem dos freqüentadores em dias de eventos no local.

Uma Portaria da Fundação Cultural, que entrou em vigor a partir de um acordo entre os moradores e produtores locais, estabelecia um horário de funcionamento para o espaço (domingo e quinta-feira, até meia-noite; sexta-feira e sábado, até 1h). No entanto, a maioria dos produtores não conseguiu cumprir o acordo, o que fez com que os moradores entrassem com a ação que resultou na interdição do espaço.

O procurador do município Heliomar Jerry Dutra de Freitas disse que a Fundação negocia para determinar o novo horário de funcionamento. "Acham que a gente não toma providência nenhuma, mas não tem como você fazer um show de 22 mil pessoas e mandar todo mundo para casa à meia-noite", protestou.

A Fundação Cultural de Curitiba respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que não há a intenção de criar qualquer outro espaço para shows na cidade.

Estádios

Outra opção de local para shows na cidade de Curitiba são em estádios de futebol. "Também são problemas. Tem que coincidir com o calendário do futebol. Shows internacionais você prevê com muita antecedência, mas o calendário da CBF e da Federação Paranaense não", explicou Leprevost.

Além disso, "é necessária a colocação de um piso especial para cobrir o gramado, chamado ‘easy floor’, que custa por volta de R$ 150 mil". "É mais caro para nós e isso vai refletir no bolso do consumidor."

Mac Solek concorda quanto ao alto investimento com a realização de shows em estádios. "Não é nada que não seja possível realizar, mas o custo do evento sobe bastante. Você não consegue cobrar um preço acessível para as pessoas lotarem um estádio."

COMENTE: Você acredita que Curitiba tem espaço para receber grandes shows? Clique no ícone "Comente" que aparece no topo e no final da página e deixe sua opinião.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]