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Cia. Máscaras de Teatro encena 28 contos do vampiro curitibano | Divulgação
Cia. Máscaras de Teatro encena 28 contos do vampiro curitibano| Foto: Divulgação

Não é de hoje que o diretor teatral João Luiz Fiani declara sua paixão pela obra de Dalton Trevisan. Já no final da década de 80, atuou em Os Mistérios de Curitiba em companhia de Lala Schneider e Mário Schoemberg. Depois vieram os sete anos em temporada com O Vampiro e a Polaquinha. Até que Fiani conseguisse o consentimento do reservado autor para que encenasse sua obra, o que fez primeiro em O Vampiro Contra Curitiba e mais tarde com o monólogo Macho Não Ganha Flor.

Virgem Louca, Loucos Beijos (confira o serviço), a peça que estreia amanhã no Teatro Lala Schneider, é sua nova incursão pelo universo de personagens urbanos do contista. Desta vez, porém, pretende revelar o lado "simpático" do vampiro: "O Dalton é um cara muito animado. Vamos montar um espetáculo divertido, saindo um pouco da coisa pesada, erótica e visceral da obra dele" .

Juntos, Fiani e Trevisan escolheram os 28 contos que compõem o espetáculo. A começar pela "Balada das Mocinhas do Passeio", recriada pelo diretor da Cia. Máscaras de Teatro em linguagem operística. "Recriado" porque convertido em representação pelo grupo de 11 atores, mas só até certo ponto: o aval dado por Dalton esbarra na proibição de alterar qualquer palavra do seu texto. Permite, no máximo, que alguma linha seja suprimida para abreviar a montagem.

Citando o conto "Tiau, Topinho", no qual um homem supostamente durão lamenta a perda do amigo canino, Fiani conta que buscou a leveza e o poético entre as centenas de contos de Trevisan. Diz ter ouvido de quem foi assistir aos ensaios de Virgem Louca , Loucos Beijos que "nem parece o Dalton, de tão leve e gostoso que está".

O conjunto de textos selecionados, porém, guarda sentimentos graves e dolorosos de desamor, traição, desprezo. Foi decisão do diretor não sublinhar essa carga, da qual contudo está consciente. "A pessoa que ouve o texto com carinho e percepção um pouco mais elaborada acaba percebendo o peso do conto. Eu não quis fugir da obra do Dalton", afirma.

Rotulado

É contra os "rótulos", dos quais não gosta, que Fiani tenta responder com o recorte menos usual que fez da literatura de Trevisan. "As pessoas acham que eu só faço A Casa do Terror. Tem gente que acha que o Dalton é só pornográfico. A gente tem a obrigação de mostrar que ele é um autor completo ao refletir a alma humana, o pensamento das pessoas, de uma forma muito impressionante", diz, reconhecendo que carrega a pecha de diretor de "comédias rápidas", mas recusando-a ao citar dramas que montou como Ethos e Werther.

As comédias, contudo, prevalecem. Fiani tem uma explicação objetiva para isso: "Se eu fizer drama, não tenho público." A bilheteria manda, uma vez que se trata de um teatro privado. "Quando sento para escrever uma peça, tenho que fazer sucesso. Isso é desesperador às vezes, porque às vezes não estou a fim de fazer comédia", reclama.

Serviço:

Virgem Louca, Loucos Beijos.Teatro Lala Schneider (R. Treze de Maio, 629), (41) 3232-4499. Estreia dia 16 de abril. Sexta e sábado. às 21 horas. Classificação indicativa: livre. Ingressos: R$30 e R$15 (meia).

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