• Carregando...
Damon Albarn (à dir.) é um dos grandes disseminadores da música feita no Mali | Divulgação
Damon Albarn (à dir.) é um dos grandes disseminadores da música feita no Mali| Foto: Divulgação
 |

Parcerias

Saiba mais sobre os discos resultantes dos projetos do músico inglês Damon Albarn na África:

Kinshasa One Two

DRC Music. Warp, 2011. Importado. Preço médio: US$ 9,99 (CD ou MP3), US$ 11,99 (Wav ou Flac) e US$ 41,99 (vinil duplo), à venda no site www.bleep.com.

DRC Music é o nome de um coletivo de músicos liderado por Damon Albarn e formado durante uma visita do músico à República do Congo (DRC) em 2011. Gravado em apenas cinco dias, o álbum traz participações de T-E-E-D (Totally Enormous Extinct Dinosaurs), Dan The Automator, Jneiro Jarel, Richard Russell, entre outros.

Mali Music

Damon Albarn & Malian Musicians. Honest Jon’s/EMI, 2002. CD esgotado. Download no iTunes: US$ 9,99. Resultado da primenira viagem de Damon Albarn ao Mali em 2002, o álbum é um projeto colaborativo com músicos locais, entre eles Afel Bocoum, Toumani Diabaté e Ko Kan Ko Sata.

*Os lucros arrecadados com a venda de ambos os discos são revertidos para a Oxfam International (Comitê de Oxford de Combate à Fome).

  • Ali Farka Touré (1939-2006)- Um dos músicos africanos mais reconhecidos internacionalmente, o cantor e multi-instrumentista Ali Farka Touré é apontado como o responsável pela fusão da música tradicional maliana com o blues norte-americano. Era conhecido como o
  • Salif Keita- Apelidado de
  • Amadou & Mariam- O casal de cegos Amadou Bagayoko (guitarra e vocal) e Mariam Doumbia (voz) está na ativa desde 1980. O duo de afro-blues mistura a sonoridade tradicional do Mali com guitarras de rock, violinos sírios, trompetes cubanos, tabla indiana e outros elementos. Amadou e Mariam já tiveram um disco produzido por Manu Chao (Dimanche à Bamako, de 2004), tocaram em festivais como Coachella e Lollapalooza e abriram shows do U2 na África do Sul. Ouça: Folila (Nonesuch Records, 2012). www.amadou-mariam.com/
  • Fatoumata Diawara- Nascida na Costa do Marfim, Fatoumata iniciou sua carreira artística como atriz, na França. Mais tarde, passou a compor em sua guitarra canções que mesclam elementos de jazz, pop e funk à música tradicional do sul do Mali. Seu disco de estreia, Fatou, permaneceu na lista dos mais vendidos na Europa por seis meses e conta com a participação de John Paul Jones (Led Zeppelin) no baixo, Toumani Diabaté no corá e do produtor nigeriano Tony Allen. Ouça: Fatou (Nonesuch Records, 2011). www.fatoumatadiawara.fr
  • Tinariwen- Banda formada em 1982 por tuaregues (povo semi-nômade), da região do deserto do Saara. Seu quinto álbum, Tassili, lançado em 2011, recebeu o Grammy de melhor álbum de world music e conta com participações de Nels Cline (Wilco) e Kyp Malone e Tunde Adebimpe (TV on the Radio). O grupo apresenta-se com roupas típicas do deserto e mistura influências berberes, árabes e africanas, combinadas ao blues e ao rock psicodélico. Ouça: Tassili (Anti Records, 2011). www.tinariwen.com
  • Toumani Diabaté- Instrumentista mestre em corá (espécie de harpa-alaúde com 21 cordas), responsável por popularizar o instrumento ao redor do mundo. Apesar de seu pai, Sidiki Diabaté (1922-1996), ter sido um dos mais notáveis tocadores de corá da África, Toumani é autodidata – começou a tocar aos 5 anos de idade. Em 2011, gravou o álbum A Curva da Cintura, com os brasileiros Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra. Ouça: Ali & Toumani (Nonesuch Records, 2010), com Ali Farka Touré. www.toumani-diabate.com
  • Rokia Traoré- Filha de diplomata, a cantora, compositora e guitarrista foi exposta desde cedo a diferentes influências musicais. Seu disco de estreia, Mouneïssa (1998), vendeu 40 mil cópias na Europa. Seu trabalho seguinte, Wanita (2000), totalmente composto e arranjado por ela, ficou entre os melhores discos daquele ano segundo os críticos do New York Times. Devido a sua voz suave, é comumente descrita pela imprensa musical como um espécie de
  • Cheick Tidiane Seck- Considerado um dos músicos mais prolíficos e experientes do Mali, o tecladista, cantor e arranjador já compôs e tocou ao lado de grandes nomes da música africana, como Fela Kuti e Youssou N’Dour, do jazz (Hank Jones) e do rock (Carlos Santana). Em 2000, passou três meses na Universidade de Califórinia (UCLA), nos EUA, lecionando a disciplina Encontros entre a Música da África Ocidental e o Jazz. Ouça: MandinGroove (Circular Grooves, 2005). www.cheick-tidiane-seck.com
  • Djelimady Tounkara- Guitarrista ativo no cenário musical maliano desde os anos 1960, recebeu forte influência da música cubana e congolesa. Chegou a ser convidado para fazer parte da primeira sessão histórica do Buena Vista Social Club, mas não teve como ir até Cuba, pois seu passaporte chegou atrasado. Dono de uma técnica marcante, possui dedilhado e afinações inconfundíveis e inimitáveis. Seu primeiro disco solo foi lançado em 2002. Ouça: Sigui (Indigo France, 2002). www.itunes.apple.com/au/artist/djelimady-tounkara/id21442737
  • Oumou Sangaré- Conhecida como o

Mais conhecido por seu trabalho à frente das bandas Blur e Gorillaz, o músico, cantor e produtor inglês Damon Albarn é também um dos grandes responsáveis pela disseminação da música do Mali pelo mundo, especialmente na Grã-Bretanha.

SLIDESHOW: Saiba mais sobre os protagonistas do cenário musical no Mali

Sua relação com o país africano teve início em 2002, quando ele foi convidado pela Oxfam International (Comitê de Oxford de Combate à Fome) a participar de ações da instituição no Mali, com o objetivo de atrair a atenção do mundo para a então crescente crise humanitária no país e para o problema da fome na África Central e Ocidental.

Mesmo sendo um grande admirador da música africana – a Honest Jon’s, loja de discos que ele frequenta no oeste de Londres, possui um grande acervo do gênero – Albarn não ficou muito entusiasmado com a ideia. O músico nunca simpatizou com projetos beneficentes como o Live Aid – concerto realizado em 1985, em Londres, com o intuito de arrecadar fundos para os famintos da Etiópia – que, em sua opinião, apenas reforçavam a ideia de fragilidade da África, sem sequer mencionar a vasta riqueza cultural do continente.

Albarn, então, propôs algo diferente à Oxfam: ir ao Mali, se enturmar com os inúmeros músicos locais e gravar tudo o que surgisse desses encontros. Levando consigo apenas uma escaleta, Albarn participou de diversas jam sessions com músicos malianos. "Lá, eles nem sonham em tocar uma canção por apenas três minutos, porque, na cabeça deles, em três minutos a música ainda nem começou a se desenvolver. É muito saudável para um artista ir a lugares assim", contou o líder do Blur em entrevista ao jornal The Telegraph, em julho do ano passado.

Albarn ficou apaixonado pela cultura da região, fez bons amigos, entre eles Afel Bocoum (sobrinho do famoso cantor e guitarrista maliano Ali Farka Touré), e conquistou novos parceiros musicais. Tanto que, naquele mesmo ano, produziu o álbum beneficente Mali Music (saiba mais no quadro ao lado), disco colaborativo com músicos da região. Desde então, Albarn voltou ao Mali diversas vezes, levando com ele artistas como Fatboy Slim e Martha Wainwright para trabalhar ao lado de lendas da música maliana, como Toumani Diabaté, Salif Keita e a dupla Amadou & Mariam. Em 2006, fundou o selo Africa Express para promover essas colaborações interculturais. Também passou a levar artistas africanos à Europa – Bocoum, por exemplo, não tinha ideia da fama de Damon Albarn até tocar ao lado dele para uma multidão de 65 mil pessoas no palco principal do Roskilde Festival, na Dinamarca, em 2003.

Em 2011, o cérebro por trás da banda animada Gorillaz resolveu expandir seu projeto do Mali até a República do Congo (DRC, na sigla em inglês). Lá, se uniu ao coletivo de produtores musicais congoleses DRC Music, ao lado do qual gravou e produziu, em apenas cinco dias, o também beneficente Kinshasa One Two (saiba mais no quadro ao lado), cujos lucros de venda são igualmente revertidos à Oxfam.

África a bordo

No ano passado, Damon Albarn levou a música africana ainda mais além. E desta vez, a bordo de um trem. No dia 2 de setembro, cerca de 80 músicos africanos, ingleses e norte-americanos partiram de Londres em uma excursão rumo a cinco cidades do Reino Unido em um trem fretado e customizado – havia um vagão especialmente preparado para que os artistas pudessem tocar e compor durante a viagem.

Batizada de Africa Express, a turnê fez escalas em escolas, hospitais, fábricas, escritórios e shopping centers, onde os músicos promoveram apresentações musicais gratuitas, além de

shows especiais (pagos) em cada cidade visitada. Na "lista de passageiros" constavam nomes como Gruff Rhys (Super Furry Animals), John Paul Jones (Led Zeppelin), Jack Steadman (Bombay Bicycle Club), Nick Zinner (Yeah Yeah Yeahs) e importantes representantes da música africana atual, entre eles as cantoras malianas Rokia Traoré e Fatoumata Diawara e o músico senegalês Baaba Maal.

O projeto, realizado em parceria com o centro multi-artes Barbican Centre, de Londres, culminou com um show de duração de cinco horas, atrás da estação King’s Cross, na capital inglesa, onde o trem encerrou sua jornada. Poucas horas antes da apresentação, Albarn revelou aos músicos que ninguém menos que Paul McCartney havia pedido para subir ao palco. "Amo a música africana há anos. Fui para Lagos nos anos 70 e voltei amigo do Fela Kuti [multi-instrumentista nigeriano pioneiro do afrobeat]. Por isso, eu sempre quis tocar em um show do Africa Express", disse o ex-beatle em entrevista ao jornal The Guardian.

Naquela mesma ocasião, Damon Albarn fez questão de ressaltar que, em suas viagens à Àfrica, ele recebeu muito mais do que doou. "Só estamos tentando dar às pessoas uma noção dessa coisa incrível que a música africana possui e colocá-la em lugares diferentes, onde ela ainda não germinou", explicou.

Panteão

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]