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Com estréia antecipada, em função do feriado, entra hoje em cartaz o musical vem dançar, com Antônio Bandeiras no papel principal. O filme usa uma combinação inusitada de elementos para retomar um subgênero, o "filme de escola", velho conhecido das sessões da tarde da Rede Globo. A trama, como é de se esperar, gira em torno de um professor que tem de domar uma turma de delinqüentes para tirá-los da marginalidade. A proposta fica mais interessante na medida em que uma atividade tão inesperada como a dança de salão é o veículo para esse resgate social. Mais inesperado ainda, trata-se de um enredo "baseado em uma história real".

Bandeiras interpreta Pierre Dulaine, um homem maduro que controla a sua rotina e vive uma vida confortável, mas não luxuosa, graças à sua academia de dança. É antiquado na sua maneira de ser, por insistir no cavalheirismo: replica "obrigado" quando alguém agradece e abre a porta do elevador para as moças sempre que tem a oportunidade. Depois de ver um carro sendo depredado por um jovem negro, Dulaine descobre que o dono do veículo é Agustine James, diretora de um colégio. Em vez de denunciar o infrator e aluno da instituição, o dançarino segue para a escola paraoferecer ajuda aos jovens, levando a dança de salão como sua carta na manga.

A diretora "casca-grossa" Agustine, interpretada por Alfre Woodard, do seriado Desperate Housewives, desconfia, mas aceita a oferta. Convoca para as aulas de dança de salão um grupo de estudantes excluídos das aulas e confinados em um porão da escola por mau comportamento.

O roteiro de Dianne Houston aproveita a chance para explorar o contraste de mundos e dos pontos de vista. Os trajes e modos finos de Dulaine batem de frente com a os movimentos brutos, os sotaques pesados, e, principalmente, a dança frenética dos alunos, movida por batidas, remixagens e samplings próximos ao nosso funk. Nas tramas paralelas, descobrimos como as aulas influem na vida dos alunos, e como tanto o professor quanto os seus aprendizes terão de conceder e crescer para poderem conviver. Como é típico do gênero, o final conta com uma grande competição de dança e uma oportunidade para aqueles que querem vencer e superar as suas dificuldades.

O fato do filme se utilizar de arquétipos e clichês como esse não constitui um problema, até porque a diretora Liz Friedlander e a roteirista Dianne Houston abraçam a causa e tratam os personagens e seus destinos com uma boa dose de carinho. Porém, falta frescor à abordagem, na apropriação das características de gênero. O timing cômico raramente funciona, assim como as transformações que os personagens sofrem. A encenação da dança perde com a edição, cujos efeitos de câmera acelerada e cortes sucessivos impedem que a platéia realmente veja a movimentação dos corpos, uma tentativa, talvez, de esconder os erros. No mais, é um exemplar correto de um tipo de filme que foi mais feliz nas mãos talentosas do diretor Richard Linklater em seu excelente A Escola de Rock, de 2004. GG1/2

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