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A discussão sobre o certo e o errado no universo dos imigrantes poloneses no Paraná está nas primeiras páginas de "A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional". A obra do cronista Dante Mendonça, procura resgatar algumas das histórias engraçadas dos polacos, que recém-chegados no Brasil carregavam um sotaque que os levava a falar "iéu" no lugar de "eu" e a usar gerúndio ("dizendo") sempre que um verbo no infinitivo ("dizer") era necessário. O lançamento do livro acontece no próximo domingo (26), na Casa Romário Martins.

"O humor étnico é sempre complicado", admite o cartunista, cronista e autor do livro "Botecário". "A Yoko Ono (viúva de John Lennon) disse que a mulher é o negro do mundo. Pois os poloneses são tidos como os negros da Europa", explica Mendonça. Como não queria fazer uma típica coletânea de piadas, o escritor acabou criando uma obra que mistura elementos históricos e humorísticos.

Descendente de italianos, nascido em Nova Trento (SC), Mendonça veio para Curitiba em 1970 e, seis anos depois, era um dos responsáveis por instituir a Banda Polaca, espécie de resposta curitibana bem-humorada ao carnaval carioca. Se, no Rio de Janeiro, as mulatas sambavam debaixo do sol, na capital paranaense, de "pluviosidade acima da santa paciência", seriam as polacas a desfilar em carros abertos.

A Banda Polaca entrou em crise em 1981, ano em que agrediram o travesti de nome Gilda que levou um chute na cara enquanto tentava subir em um dos carros do desfile. Um ano depois, a banda passou a se chamar Vermelha e Preta. Agora a Banda Polaca ressurge no papel para emprestar seu nome ao título do livro.

Segundo o autor, Curitiba é a terceira cidade do mundo em número de habitantes de origem polaca, atrás de Chicago (EUA) e de Varsóvia (Polônia) – e a única do Brasil a ter grafia em polonês: Kurytyba. O autor acredita que entender a influência dos poloneses na história e nos "causos" de Curitiba é saber mais sobre a identidade paranaense.

Uma das primeiras pessoas com quem Mendonça dividiu a idéia de escrever o livro foi o arquiteto e ex-governador Jaime Lerner, também de origem polonesa. O arquiteto disse que a tarefa seria complicada, pois se trata de um humor "oral". A graça de algumas histórias está no sotaque, capaz de dar significados inusitados (e hilários) até para nomes de ruas. O livro cita exemplos: Padre Agostinho vira Padre "Gostosinho", Ubaldino do Amaral fica "O Baldinho" do Amaral e Saldanha Marinho, de modo misterioso, se transforma em "Sandálha" Marinho.

A solução encontrada por Mendonça foi tentar transcrever o modo de falar para o texto, usando acentos e um tanto de criatividade. A Banda Polaca tem ilustrações de Márcia Széliga, umas feitas para o livro e outras reproduzidas de seus cadernos de estudo, quando cursou a universidade em Cracóvia.

Nas piadas – ou "causos" –, ao contrário do que acontece com os portugueses, quase sempre retratados como burros ou ignorantes (ou ambos), os poloneses são, de modo paradoxal, ingênuos e espertos.

Serviço: Lançamento do livro A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional, de Dante Mendonça com ilustrações de Márcia Széliga (Novo Século, 148 págs., preço a definir). Domingo (26), às 18 horas. Casa Romário Martins (Rua São Francisco, 30 – Largo da Ordem) Tel.: 3321-3255.

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