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O Outro Nascimento foi uma surpresa em meio à mostra competitiva contemporânea | Áurea Silva/Divulgação
O Outro Nascimento foi uma surpresa em meio à mostra competitiva contemporânea| Foto: Áurea Silva/Divulgação

Evento

Festival de Dança de Joinville

Até 28 de julho. Ingressos de R$ 14 a R$ 116, com meia-entrada. Programação em www.festivaldedanca.com.br

Pelo que foi apresentado na mostra competitiva do 30.º Festival de Dança de Joinville, criações profissionais criativas e de qualidade começam muito antes das faculdades de artes, ainda nas aulas de academia.

Uma das apresentações mais marcantes da noite de domingo, por exemplo, veio de um elenco com adolescentes de 15 e 16 anos. A Cia. Matheus Brusa, de Caxias do Sul (RS) apresentou O Outro Nascimento, em que um trio se contorce entre barras de uma gaiola, com o uso da voz e movimentos que lembram a ginástica rítmica. Levou o primeiro lugar na categoria sênior e permitiu imaginar que assim é que se formam artistas profissionais de destaque, como os que também se apresentam na cidade catarinense até o próximo sábado.

A mostra de sapateado também revelou grande potencial inventivo. O conjunto que levou o primeiro lugar na categoria sênior se inspirou na Família Addams e iniciou a coreografia com a famosa trilha sonora de dedos estalando. O que poderia sugerir uma cópia irrefletida, porém, mostrou-se um trabalho rico em detalhes. A Cia. de Dança Vera Passos, de Fortaleza (CE), criou para dançar esse tema um figurino de amplo espectro.

Se o mais óbvio seria buscar referências no preto e no vermelho-sangue, eles utilizaram o branco e o cinza em propostas individuais, em que cada bailarino tinha o seu personagem. No grupo, havia uma "noiva-cadáver" e vestidos da alta sociedade dos anos 1920, e cada um interpretava de forma a fazer esquecer que embaixo estavam os tradicionais tacos que estalam no chão durante a dança.

Shows completos como esse se aproximam dos musicais profissionais – justamente um mercado que está crescendo para bailarinos brasileiros. Entre os jurados do festival estavam produtores de espetáculos como as versões brasileiras de O Rei Leão e Hair.

Mas é duro o caminho até elencos desse calibre. "Tem de se destacar muito, é um em um milhão. É mais comum a pessoa buscar oportunidades na dança contemporânea ou em grupos fora do país", conta a proprietária da escola Kaiorra, de Balneário Camboriú, Iolanda Hahn. Ela comemora o fato de sua escola ser a que mais consegue inscrever coreografias para o festival em Santa Catarina.

Carreira

Apesar das novas oportunidades que vêm surgindo e a julgar pela conversa nos camarins visitados pela Gazeta do Povo durante o festival, à medida que crescem, os alunos reduzem a expectativa de se profissionalizar na arte. "A pessoa nasce para alguma coisa. Eu nasci para o jazz", explica Bruna Letícia Borba, de 15 anos. Estudante de um colégio integral de Camboriú, ela faz aulas de diversos tipos de dança todas as noites e sonha em viver da dança.

Já na sala ao lado, garotas de São José dos Campos, que venceram ao sapatear Ananda, que quer dizer feliz em sânscrito, foram unânimes em dizer que o sapateado é uma fonte de diversão e relaxamento e uma forma de fazer amigos, não um plano de carreira.

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