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Sem negar as próprias raízes, o paranaense Oswaldo Rios flertou com o pop e a música popular brasileira. Neste ano, ele completa meio século de vida | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Sem negar as próprias raízes, o paranaense Oswaldo Rios flertou com o pop e a música popular brasileira. Neste ano, ele completa meio século de vida| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Trajetória

Saiba mais sobre Oswaldo Rios:

Escritório

Antes de se dedicar totalmente à música, Oswaldo Rios trabalhou na Slaviero Automóveis, no (extinto) Banco Bamerindus (atual HSBC) e em uma empresa de embalagens na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Dividido

A partir da década de 1990, Rios vive totalmente envolvido com projetos musicais. Seguiu, por mais de 10 anos, com o projeto autoral de MPB ao mesmo tempo em que desenvolvia o Três de Paus, já de música sertaneja, o que desembocou no Viola Quebrada.

Família

Desde 1985, vive com Jane em um apartamento no centro de Curitiba. É pai de Carla Isabela. Fora do universo musical, Rios acumula 18 anos jogando rugby. Caminha e gosta de comida sertaneja.

"O melhor frango com quiabo que provei foi na casa no Pena Branca, em Jaçanã, bairro paulistano (o mesmo do personagem da música ‘Trem da Onze’", diz.

Registro

Viola Quebrada (2000), Viola Fandangueira (2002), Sertaneja (2003) e Noites do Sertão (2006) são os álbuns que o conjunto Viola Quebrada gravou.

Na tarde do domingo 7 de fevereiro, Oswaldo Rios fez algo que, até aquele dia, era algo corriqueiro: telefonou para o amigo Pena Branca. Durante aqueles 20 e poucos minutos, falaram sobre os três assuntos que os uniam: Corinthians, Coxa e música. Rios desdenhava o Corinthians, o time de Pena, e vice-versa.

Eme meio a risadas, despediram-se acertando detalhes para um show.

No dia seguinte, 8 de fevereiro, Pena Branca morreu. Inclusive, assistindo a um programa esportivo na televisão.

Rios esteve no velório do amigo, em São Paulo.

A perda o abalou.

Durante a despedida, ele contou para as Irmãs Galvão sobre o show com Pena Branca, assunto da última conversa. Elas decidiram fazer uma homenagem ao amigo, ícone e mestre e, desde já, preparam o repertório: nos dias 7 e 8 de maio, as Irmãs Galvão e o Viola Quebrada fazem um tributo a Pena Branca no Teatro do Paiol.

Viola Quebrada é, de certa maneira, quase sinônimo de Oswaldo Rios. Esse músico paranaense, que neste ano completa 50 anos, até flertou com o pop e a MPB.

Desde a década de 1980, fez diversos shows, gravou o álbum autoral Retrovisor (2002), até sonhou em morar em São Paulo.

Mas se, como diz a sabedoria popular, ninguém dribla o destino, ele não poderia negar as próprias raízes.

Rios nasceu em Planaltina do Paraná, na quente região noroeste do estado. Pescou no Rio Ivaí. Caçou em matas que hoje quase nem existem mais. Brincou na Folias de Reis, em companhia de seu pai, Manoel, morto ano passado, uma permanente referência para o compositor. Era o pai quem colocava no aparelho de som fitas com músicas de Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho e outras referências da música sertaneja de raiz.

Em entrevistas, Rios costuma repetir que nunca fez pesquisa para montar o repertório do Viola Quebrada.

Afinal, desde guri ele não apenas escutou os clássicos do gênero, mas também vivenciou aquele cotidiano do interior que é a matéria-prima de toda letra de música do sertão brasileiro.

No fim da década de 1990, Rios participava do projeto Três de Paus, ao lado de Rogério Gulin e Sérgio Deslandes. A proposta já contemplava repertório sertanejo. No entanto, Rios propôs a Gulin criar um outro conjunto, que viria a ser o Viola Quebrada.

Bênção

Com o desejo no horizonte, surgiu a oportunidade: um convite para participar do programa Viola, Minha Viola, de Inezita Barroso. E lá foram Oswaldo Rios (violão e voz), Margareth Makiolke (voz) e Rogério Gulin (viola caipira). Xavantinho, que chamava a todos de "mano", abençoou o trio, que em breve incorporaria Rubens Pires (sanfona), e se consolidaria como quarteto.

Desde então, já gravaram quatro álbuns, estão presentes em duas coletâneas e realizaram centenas de shows pelo Brasil. Até no Acre já estiveram.

No momento, o Viola Quebrada vive uma espécie de mudança de estação.

Com mais de cem músicas no repertório, eles tocam de "Moreninha Linda", de Tonico e Tinoco, a "Mocinhas da Cidade", de Belarmino e Gabriela. Mas, aos poucos, começaram a compor.

No entanto, ressalta Rios, nunca houve pressão para apresentar músicas próprias, uma vez que os arranjos, a releitura de clássicos, desde muito foram apontados como a assinatura do conjunto.

Mas Rios é um compositor popular, que desde a década de 1980, tem parcerias com poetas, como Paulo Leminski, Roberto Prado e Thadeu Wojciechowski. Para ele, fazer canções é algo que se tornou natural. Não demorou, e passou a compor para o Viola Quebrada.

"Quando eu vim do interior,/ Pus na mala a viola, Afinada no meu tom,/ Trouxe tudo que era bom." A letra de "Meus Retalhos" aponta para um caminho. Rios não tem a obrigação de reinventar a roda. Basta abrir espaço para lembrar do passado. Na infância, ele viveu no interior o que é a matéria-prima dos clássicos sertanejos.

Ele sorri e lembra: o pai, Manoel, saiu da Bahia para fazer a vida no interior do Paraná. Sabe-se lá como, correu a notícia de que o Manoel "do Paraná" havia sido devorado por uma onça. Passa o tempo e o pai volta para a terra natal. Todos se espantaram. "Foi uma confusão", diz. Rios, então, se dá conta de que esse "causo", que já é uma lenda, pode virar letra.

Assim se faz música sertaneja.

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