• Carregando...

Encontros

Zé Ramalho divide os créditos das canções com os seguintes compositores:

• Zeca Baleiro• Chico Cesar• Jorge Mautner• Zé Neumanne• Oswaldo Montenegro• Toti• Robertinho do Recife• Fausto Nilo• Cidade Negra (Toni Garrido, Da Gama, Lazão e Bino Farias)• Dominguinhos• Chico Guedes

E canta como: Pitty, Sandra de Sá, Daniela Mercury, Banda Calypso e Zélia Duncan.

Zé Ramalho sempre teve um pé – senão os dois – no surreal. O criador de canções como "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", "Avohai" e "Mistérios da Meia-Noite" não foge a essa tradição no recém-lançado CD Parceria dos Viajantes. As boas notícias para os fãs do compositor paraibano não param por aí: o "profeta do apocalipse", como alguns costumam chamá-lo, ressurge com um intrigante conjunto de músicas, todas de alguma forma relacionadas à idéia da parceria, seja ela com intérpretes, músicos ou outros criadores.

A idéia de Parceria dos Viajantes não é, absolutamente, a da reinvenção, do renascer das cinzas. Todos os elementos recorrentes na obra de Zé Ramalho se fazem presentes no disco. Além das letras surreais, o artista – projetado nos anos 70 por conta de sua original fusão de ritmos nordestinos às sonoridades do rock-and roll – surgem em um trabalho que busca, ao mesmo tempo, reafirmar tradições sem abrir a possibilidade de renovação. É um CD ambicioso (ainda que irregular), portanto.

Espécie de inventário de suas quase quatro décadas de carreira, Parceria dos Viajantes abre com a emblemática "O Rei do Rock", fruto de uma bem-sucedida parceria com o maranhense Zeca Baleiro, assumido admirador da obra de Ramalho e até certo ponto uma espécie de discípulo de sua obra em vários aspectos. A letra da canção, embalada por um "rock nordestino", é confessional e memorialística: "Eu nunca fui o rei do rock / Mas não vendi minha guitarra / Um cantor me deu um toque / Cante, não berre, agüente a barra". É tão Zé Ramalho quanto Baleiro. O flerte do com o pop-rock do Sudeste é marcado pelo baixo de Paulo Ricardo e pela bateria de João Barone, dos Paralamas do Sucesso.

Novas gerações

Com Chico César, que assina a letra de "A Nave Interior", Ramalho empreende uma viagem introspectiva, matafísica, defendendo a idéia de que "a maior viagem é a da mente humana". Quem conhece a discografia de Ramalho, sabe que essa idéia é uma espécie de mantra para o paraibano. Quem atua como co-piloto, dividindo os microfones nessa música, é a roqueira baiana Pitty, cuja presença atesta o desejo do paraibano de se aproximar das novas gerações. O mesmo pode ser dito da faixa "Chamando o Silêncio", parceria com o Cidade Negra, já gravada pelo grupo carioca em tom mais funkeado. Mas, não é apenas com esse universo mais – digamos – MTV que Ramalho troca figuras.

Em "Pássaros Noturnos", por exemplo, ele chuta qualquer noção de "elitismo" e "bom gosto", ao gravar com a superpopular Banda Calypso, expoente do tecnobrega do norte brasileiro. Gostem ou não, é uma prova de ousadia do trovador.

Velhos parceiros não são deixados para trás. O guitarrista Robertinho do Recife, tradicional tripulante da aeronave Ramalho, bate ponto como produtor de todo o disco. Oscilando entre vôos mal e bem sucedidos, Parceria dos Viajantes conta com tripulantes que vão de Daniela Mercury (chata, como sempre, em "Procurando a Estrela") e Zélia Duncan, que brilha em "Porta de Luz", notável parceria de Ramalho com Dominguinhos. Também estão no comboio Oswaldo Montenegro (em "Do Muito e do Pouco") e Jorge Mautner ("Montarias Sensuais"). O resultado final é positivo, sobretudo porque Zé Ramalho presenteia seu público com novas criações, à altura de sua obra, algo raro hoje em dia. GGG1/2

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]