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Luiza Scheide (no alto): lenda urbana no palco do Lala | Divulgação
Luiza Scheide (no alto): lenda urbana no palco do Lala| Foto: Divulgação
  • A Arte de Escutar: variações sobre excessos do presente

Com expectativa imensa, entrei no Guairinha na noite da última sexta-feira (13), a fim de sorver A Arte de Escutar, montagem carioca, com direção de Henrique Tavares, e texto de Carla Faour.

O argumento e algumas críticas sugeriam um ótimo programa. Mas saí da sala de teatro decepcionado.

Estava predisposto a me deparar com uma peça que mostrasse, no mínimo, em modo "genial", esse problema contemporâneo: todos querem falar, quase ninguém pretende ouvir. Mas não foi isso que encontrei.

Há cinco cenas, e em todas elas uma mesma personagem atrai seres que não estão interessados no que o outro diz, mas apenas em jorrar palavras e mais palavras.

Em uma fila de banco, na noite de Natal, em um vestirário ou dentro de um vagão de metrô, tudo se repete. Os humanos precisam verbalizar, sem pausa.

Vinte e quatro horas depois, ou seja, às 21 horas do sábado (14), eu entrava no Teatro Lala Schneider sem qualquer expectativa para conferir a estreia de A Loira Fantama, peça escrita e dirigida por João Luiz Fiani a partir de uma lenda urbana curitibana.

Eu sairia do Lala, às 22h14, arrebatado.

Estou convencido do talento do Fiani.

Ele soube dialogar com a realidade de maneira inusitada. O início já surpreende: após os três toques de campainha, que sinalizam o começo da peça, 12 loiras invadem a sala e, em seguida, o palco. Há mais de 20 atores em cena, uns iniciantes, e dois já experientes, Wellington, o taxista, e Rogério Bozza, o delegado. Ambos merecem todos os aplausos, pois são profissionais realmente acima da média.

No entanto, a peça é da atriz Luiza Scheide, uma jovem e linda atriz, que interpreta a personagem que dá nome à montagem.

Verdade ou não, na década de 1970, uma loira curitibana teria sido assassinada por um taxista. A partir de então, o espírito da vítima passou a assombrar taxistas e ainda se vingou de seu algoz.

Há coro, que aponta para a Grécia Antiga e há canções de rock-and-roll, que imprimem nuances contemporâneas à proposta.

Acima de tudo, há uma química entre os atores e atrizes e o público, de modo que, ao sair do teatro, nem sentia o frio, e estava com a sensação de ter presenciado a um respeitável espetáculo.

A Arte de Escutar. GG

A Loira Fantasma. GGG.

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