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Frozen Assets – ou Fundos Congelados – de 1930: construção civil, abrigo para trabalhadores e cofre de banco | Reprodução
Frozen Assets – ou Fundos Congelados – de 1930: construção civil, abrigo para trabalhadores e cofre de banco| Foto: Reprodução

Nova York - Criados especialmente para o Museu de Arte Moderna de Nova York em 1931 e 1932, cinco afrescos portáteis do muralista mexicano Diego Rivera (1886-1957) voltaram no último domingo às paredes da instituição, numa exposição reveladora do arrojo que marcou a abertura do MoMA. Rivera foi o segundo artista a ter uma individual no museu, inaugurado em 1929. O primeiro havia sido o francês Henri Matisse (1869-1954), um artista mais consagrado e menos polêmico.

Nas paredes do MoMA, o muralista retratou ao vivo a Grande Depressão nos Estados Unidos, com o painel Fundos Congelados, em três camadas superpostas, tendo no alto o boom da construção civil dos anos 1930, ao centro um abrigo para trabalhadores sem casa no Píer 23, e embaixo, um cofre de banco.

Segundo o diretor do MoMA, Glenn D. Lowry, a exposição de Rivera empurrou o museu para uma zona de desconforto, que é o que grandes artistas devem fazer quando lhes é dada a oportunidade: "Não consigo pensar em uma metáfora melhor para o que está acontecendo hoje (a crise financeira) no país do que a estratificação social revelada nessa pintura, que mostra, justapostos, um abrigo para trabalhadores e um cofre de banco. Enquanto não encontrarmos formas mais eficazes de dividir a riqueza, esse tipo de imagem vai continuar sendo parte de nosso mapa mental".

Rivera e a mulher, a pintora Frida Kahlo, viajaram de navio para Nova York, chegando seis semanas antes da abertura da exposição. Ele trabalhou compulsivamente para, com a ajuda de três assistentes, produzir os afrescos nesse período. Sua atividade frenética virou assunto na cidade, merecendo registro na coluna Talk of the Town da revista New Yorker. Ele trabalhava numa galeria anexa ao prédio que foi a primeira sede do MoMA, perto do hotel Plaza, e o público podia entrar para vê-lo em ação.

Rivera criou afrescos portáteis, combinando as técnicas tradicionais com os materiais mais modernos da arquitetura na época: fez uma moldura de aço e concreto, uma laje sobre a qual aplicava as tintas e os materiais do afresco. "Ele fez os primeiros desenhos no navio, em uma área que o capitão reservou para ele. Ao chegar a Nova York, trabalhava sem parar e sem usar aquecimento (era inverno), porque não queria que os afrescos secassem rápido. As pessoas o viam trabalhar até 4h da manhã", conta Leah Dickerman, curadora do Departamento de Pintura e Escultura do MoMA.

Cinco painéis com os temas mexicanos que tornaram Rivera conhecido internacionalmente formavam a exposição quando ela foi inaugurada, em dezembro de 1931. Depois disso, ele pintou mais três murais retratando a Grande Depressão em Nova York. Dos oito murais, cinco estão agora em Diego Rivera: Murais para o Museu de Arte Moderna, que segue em cartaz até 14 de maio de 2012. Outros dois pertencem ao Museu da Filadélfia, que não quis cedê-los. E um não foi localizado pelos curadores.

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