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Para muitas pessoas, quadrinhos ainda são aquelas revistinhas que se compra para as crianças, com histórias infantis da Disney e do brazuca Maurício de Sousa e sua Turma da Mônica, além das aventuras dos super-heróis tradicionais, como Batman, Superman e Homem-Aranha. Mas o gênero está além disso há décadas, sendo reconhecido como arte pelos trabalhos de grandes autores como Will Eisner, Hugo Pratt, Milo Manara, entre tantos outros.

Nos últimos anos, todos os subgêneros da literatura (romance, policial, memórias, história, humor, biografia, etc.) também foram expressos na forma de HQs (histórias em quadrinhos), inclusive o jornalismo, com trabalho pioneiro do desenhista Joe Sacco. O autor maltês, radicado desde a década de 80 nos EUA, publicou, a partir do início dos ano 90, alguns livros com reportagens que fez sobre a questão palestina (Palestina – Uma Nação Ocupada e Palestina – Na Faixa de Gaza) e a guerra na antiga Iugoslávia (Área de Segurança Gorazde – A Guerra na Bósnia Oriental 1992 – 1995 e Uma História em Sarajevo), que foram premiados e se tornaram obrigatórios para qualquer fã de quadrinhos. Todos esses títulos foram editados no Brasil pela Conrad, que agora lança Derrotista (224 págs., R$ 38), coletânea dos trabalhos iniciais do quadrinista.

Antes de se envolver nos conflitos armados da década de 90, Sacco formou-se em Jornalismo e criou a publicação Portland Permanent Press. Ele começou a chamar a atenção do meio dos quadrinhos quando lançou a revista Yahoo, publicada pela editora Fantagraphics entre 1988 e 1992, que trazia histórias cômicas e irreverentes com personagens que criou, como Edwin Repolho, Johnny Frase Feita e muitos outros, todos politicamente incorretos. Sacco também era personagens de seus quadrinhos, relatando a época em que foi roadie de uma banda européia.

Derrotista, dividido em dez capítulos, apresenta essa fase divertida do artista e também o início do seu trabalho mais sério, o envolvimento com as questões bélicas – duas das histórias do livro falam sobre o uso da força área contra civis; outra faz uma sátira do show de mídia que se tornou a primeira guerra no Golfo Pérsico, em 1991. Um episódio importante é o registro da invasão do exército italiano de Mussolini à ilha de Malta, na Segunda Guerra Mundial, um relato da mãe Carmem Sacco, mãe do quadrinista.

Esses primeiros quadrinhos já mostram as principais características que impressionam na obra de Joe Saco: uma visão ácida e crítica do mundo e um traço marcante, principalmente no detalhamento de situações que presenciou e dos locais que visitou.

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