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O Brasil precisa de um salto em seu sistema educacional se quiser aproveitar o bônus demográfico. As próximas duas ou três décadas são as últimas em que o país educará seus jovens enquanto a população cresce – dois fatores que, juntos, reforçam o crescimento econômico e o desenvolvimento. A melhora precisa ser tanto em quantidade como em qualidade.

Após garantir a universalização do ensino fundamental, o país tem agora o desafio de levar a pré-escola para todos os brasileiros – faltam creches e escolas para crianças com menos de 7 anos. A taxa de escolarização na faixa etária de 0 a 6 anos é de apenas 32%. Também serão necessários investimentos para a expansão do ensino médio, que hoje recebe cerca de 80% dos adolescentes de 15 a 17 anos.

O grande gargalo, no entanto, está na qualidade. Os alunos brasileiros aprendem mal e apresentam índices elevados de desistência. Em um teste internacional feito em 2006 chamado de Pisa, os estudantes do Brasil tiveram um desempenho ruim, que os colocou na 53ª posição em matemática (entre 57 países) e em 48º lugar em leitura. Mais de 50% dos alunos que fizeram a prova de leitura ficaram abaixo do nível dois de proficiência – o teste tem cinco níveis. Em matemática, mais de 70% ficaram abaixo do nível dois. Nos países desenvolvidos, esses porcentuais não ultrapassam os 30% e em alguns casos não chegam a 10%.

O Ministério da Educação (MEC) tem guiado seu programa para melhorar a qualidade pelo Índice de Desenvolvimento da Edu­cação Básica (Ideb). A meta é que o ensino do país chegue à nota 6, considerado o nível mínimo nos países ricos. "O Ideb é uma meta bem-vinda, porque o problema da qualidade é gravíssimo. Todas os exames nacionais mostram que a proficiência dos estudantes brasileiros é muito baixa", diz Ângelo Ricardo de Souza, professor do Departamento de Planejamento e Administração Escolar da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O professor lembra que, no Paraná, alunos da 4ª série do ensino fundamental têm proficiência típica da 2ª série. Os de 8ª série apresentam o desempenho esperado na 4ª série, enquanto aqueles que saem do ensino médio têm os conhecimentos médios esperados na 6ª série do ensino fundamental. "E isso sem contar que muitos alunos que não acompanham o conteúdo são excluídos pela escola no meio do caminho."

A organização não-governamental Todos pela Educação, mantida por grandes empresas, tem uma lista de cinco prioridades para o Brasil dar seu salto. Ela passam pela universalização do ensino para crianças de 4 a 17 anos, a alfabetização até os 8 anos, aprendizado de acordo com a série, a conclusão do ensino médio até os 19 anos e mais investimento público. É, portanto, uma mistura de qualidade e quantidade.

Souza, da UFPR, adiciona também outra prioridade: a formação dos professores. "Ela precisa ser mais ampla e flexível, valorizando mais o aprendizado com a experiência prática. Já está provado que trazer o mundo da escola para a universidade não funciona."

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