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Antes de prosseguir como um bote contra a corrente, rumando incessantemente para o passado, Francis Scott Fitzgerald (1896 – 1940) falou a sua geração e influenciou todas as outras que vieram depois. Autor da obra-prima O Grande Gatsby, ele se tornou o rosto da chamada "Geração Perdida", nas palavras da escritora Gertrude Stein, espécie de madrinha do grupo, que incluía ainda os escritores Ernest Hemingway e James Joyce, além dos pintores Pablo Picasso e Marcel Duchamps.

Sufocados pela (falta de) cultura nos EUA pós-Primeira Guerra Mundial, jovens intelectuais americanos se auto-exilaram em Paris, na década de 1920. "Juntos formavam uma turminha esquisita, cheia de desencanto e talento, quase uma nação meio francesa meio americana", explica a professora Eveline Lacerda, coordenadora de cultura do Centro Universitário Positivo (Unicenp) e responsável pelo ciclo de estudos Paris É uma Festa: uma Análise da Geração Perdida, que a instituição promove de hoje até sexta-feira, com bônus que incluem exposição fotográfica e show de jazz.

A melhor forma de se aproximar do tema é justamente com a primeira palestra do evento – que empresta seu nome de um romance de Hemingway –, ministrada pela própria Eveline: Fitzgerald, o Texto da Era do Jazz. Ao falar dos anos 20, também chamados de "anos loucos", a professora deve criar o ambiente para a apresentação dos outros assuntos do ciclo (confira quadro nesta página), que vão de James Joyce ao jazz que, naquela época, deixava Nova Orleans com figuras como Louis Armstrong (1901 – 1971) para conquistar Nova Iorque e, mais tarde, o mundo.

Ao contrário do que o título "ciclo de estudos" pode sugerir – pessoas que sabem demais falando para outras que sabem muito sobre coisas que poucos entendem –, o evento é aberto a todo tipo de público e não deve se limitar aos iniciados. A idéia de abordar a Era do Jazz veio, primeiro, com a possibilidade de se comemorar o aniversário de Hemingway, na última quinta-feira – ele nasceu em 21 de julho de 1899.

"Talvez poucas pessoas se interessassem só pelo Hemingway, então ampliamos para a 'Geração Perdida', que nos levou a Paris e, por fim, ao jazz", diz Eveline. A partir de um exemplar da revista Top Magazine, ela conheceu o trabalho do fotógrafo Edu Simões, que viajou a Paris para refazer os passos de Hemingway na cidade. O trajeto obedece as referências do livro de memórias Paris É uma Festa, lançado após a morte do autor.

A começar hoje e até o dia 12 de agosto, 14 fotografias inéditas de Simões – nenhuma delas saiu no ensaio publicado pela revista – estarão expostas na sala de eventos do centro universitário. No dia 7 de agosto, o fotógrafo participa de um bate-papo com o público às 10h.

Mote para uma das palestras, a do professor André Tezza, o jazz arremata o evento. No fim de semana dos dias 6 e 7 de agosto, o Teatro Unicenp recebe a Tradicional Jazz Band, grupo brasileiro de músicos que há 40 anos se dedica ao gênero. O diferencial da banda, formada por oito instrumentistas, é que seus shows são comentados. O professor e contrabaixista Carlos Hage Chaim tem o costume de situar seu público no tempo e no espaço antes de cada apresentação. Para tanto, traça em poucos minutos a evolução do jazz, abordando as características do dixieland, modalidade considerada a raiz do gênero. A última apresentação da Tradicional Jazz Band em Curitiba foi em um show fechado, há cinco anos, no Clube Curitibano.

Serviço: Ciclo de estudos Paris É uma Festa: uma Análise da Geração Perdida. Unicenp (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – Campo Comprido), (41) 3317-3193. A partir de hoje e até sexta-feira, sempre às 19h30. Ingressos a R$ 50 (para todo o ciclo) ou R$ 10 (cada palestra), à venda no campus da Unicenp e na sede do Positivo (R. Vicente Machado, 317).

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