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Representações da fé católica

A imagem dos santos está de tal maneira sedimentada no imaginário brasileiro que é possível reconhecer muitas das divindades católicas apenas pelas silhuetas. É o que propõe o artista visual André Malinski na exposição inédita Céu de Anil, que entra em cartaz amanhã no vão livre do Museu Oscar Niemeyer, como parte da programação do Circuito Cultural Banco do Brasil.

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De amanhã até 9 de dezembro, Curitiba recebe as atrações do Circuito Cultural Banco do Brasil (CCBB), evento conhecido pela variedade da programação (abrange espetáculos musicais e teatrais, exposições, sessões audiovisuais e debates) e pela prática de preços acessíveis, que nunca excedem os R$ 15. Na grade deste ano, um dos principais destaques é a mostra Di Cavalcanti – Cronista de Seu Tempo, que entra em cartaz amanhã no Museu Oscar Niemeyer.

Organizada em torno dos temas mais recorrentes da obra do artista carioca, a exposição apresenta uma retrospectiva dos desenhos de Di Cavalcanti desde 1921 até 1964. São ao todo cem desenhos, selecionados pelo curador Fábio Magalhães entre os mais de 500 que compõem o acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo.

As obras são representativas da variedade técnica (como lápis, nanquim e aquarela) e temática do desenhista, que compreende estudos para cartazes, painéis e cenários de teatro; caricaturas; cenas da vida noturna e do subúrbio carioca; e a representação de figuras femininas, centrais em sua obra – em especial, as mulatas, símbolos da miscigenação da cultura brasileira.

Modernista

Nascido em 1897, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello começou sua carreira trabalhando como desenhista, ilustrador e caricaturista para jornais e revistas cariocas. Já em 1922, morando em São Paulo, ele se tornou uma das principais personalidades da Semana de Arte Moderna, da qual teria sido o idealizador.

Embora a paternidade do evento seja discutível, fato é que Di Cavalcanti exerceu um papel importante naqueles oito dias de fevereiro, tanto como organizador das atividades de artes plásticas – foi o autor do cartaz e do desenho da capa do programa – quanto como mediador entre paulistas e cariocas, já que transitava pelas duas capitais.

Só depois de retornar de uma viagem à Europa, no ano seguinte, é que Di Cavalcanti se tornaria reconhecido pela pintura. A "brasilidade", apontada pelo crítico de arte Mário Pedrosa, é uma das características mais festejadas de sua obra, presente nas cores e nos tipos humanos que retratou.

"Ele foi o primeiro artista a representar os subúrbios cariocas. Não fazia uma exaltação, como Portinari, que transformava os trabalhadores em heróis. Di Cavalcanti registrava a vida cotidiana de gente humilde e gente rica, em um panorama muito grande do Rio de Janeiro, com uma coloração muito rica. Dentro da modernidade dele, há certo barroquismo no arredondamento das formas que dá uma exuberância muito brasileira", explica o curador Fábio Magalhães.

Di Cavalcanti teve também atuação importante como intelectual da época. Foi filiado ao Partido Comunista, do qual mais tarde se afastou, e representou entidades sindicais de artistas brasileiros em diversos congressos internacionais. Morreu no Rio de Janeiro, em 1976.

Mais de três décadas depois, o pintor se mantém relevante para a crítica como um dos mais importantes artistas brasileiros do século 20 – e entre os autores que alcançam maiores valores no mercado das artes.

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Serviço: Exposição Di Cavalcanti – Cronista de Seu Tempo. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Abertura para visitação amanhã (28). Terça a domingo, das 10 às 18 horas. Entrada gratuita até 9 de dezembro. De 10 de dezembro a 27 de janeiro, ingressos a R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes) e livre (até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas agendadas).

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