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Diana Ross fez uma retrospectiva dos seus 55 anos de carreira em show no Teatro Positivo | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Diana Ross fez uma retrospectiva dos seus 55 anos de carreira em show no Teatro Positivo| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Ela continua linda. Tanto que os únicos sinais visíveis dos 69 anos completados no último dia 26 de março são o andar ligeiramente hesitante, o corpo já não tão definido e os esquisitos sapatos baixos – apelidados de "conga prateada" por senhoras venenosas da plateia. Mas quando Diana Ernestine Earle Ross abre a boca, como fez na noite de terça-feira (2) diante de quase duas mil pessoas no Teatro Positivo, ela praticamente volta a ter os 15 anos que contava quando ingressou em seu primeiro grupo vocal, The Primettes, embrião das lendárias Supremes.

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Afinação perfeita, potência vocal e absolutamente nenhum sinal de desgaste no timbre tão familiar conduziram o público numa viagem no tempo, do R&B das Supremes (seis das 21 músicas do repertório foram sucessos do grupo) às canções de amor gravadas por Diana em "I Love You", de 2006, passando pela fase disco e até pelo jazz de Billie Holiday (que Diana reviveu no filme "O Ocaso de uma Estrela", que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 1972).

Pena que a viagem tenha sido tão curta: com a retaguarda de uma banda impecável com 12 integrantes, incluindo naipe de metais e um impressionante trio vocal, a eterna diva do soul emendou uma música atrás da outra e, em menos de 80 minutos, encerrou o set de 21 composições – com direito a cinco figurinos diferentes.

Foi simpática e sorridente, mas quase não falou com a plateia, com exceção de um "do you know this song?" (vocês conhecem essa música?) aqui, um "I love you" ali. Mas acenou diversas vezes aos fãs mais empolgados.

A apresentação toda foi irretocável, mas os melhores momentos foram hits das Supremes como "Stop! In the Name of Love" – com o refrão cantado com vontade pela plateia –, "Where Did Our Love Go" e "Love Child" (transformada numa salsa contagiante pela banda). Músicas imortais da fase disco como "Upside Down", "I’m Coming Out", "The Boss" e "It’s my House" e as referências ao cinema – "Don’t Explain", homenagem lindíssima a Billie Holiday, e o comovente tema do filme "Mahogany", "Do You Know Where You’re Going to?".

Impossível não incluir "Ain’t no Mountain High Enough" – seu primeiro single em carreira solo a atingir o topo da parada da Billboard, em 1970, "Ease on Down the Road" – gravada com Michael Jackson no filme "The Wiz" (a versão black de "O Mágico de Oz", de 1978) – e o bis com "I Will Survive", clássico disco imortalizado por Gloria Gaynor.

O que definitivamente não combinou com a performance da cantora foi o ambiente solene e intimidador do Teatro Positivo, apesar da acústica excelente (afinal, uma festa dançante como o show de Diana Ross não é para se assistir sentadinho na poltrona). O espaço certamente influenciou a reação do público, tímido e comportado demais para a ocasião. Por outro lado, Curitiba não dispõe de nenhuma casa de shows decente para abrigar uma apresentação desse estilo. Noves fora, foi uma aula de talento, competência e história da música negra.

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