Não sei se caso ou se compro um bicicleta. Esta é uma das expressões incluída no Dicionário de Expressões Populares, que a produtora cultural curitibana Gramofone lança nesta quarta-feira (26), na Livrarias Curitiba Megastore do ParkShopping Barigüi, a partir das 19 horas. Organizado há duas mãos, pelos pesquisadores Mara Fontoura e Ivã Avi, a obra está sendo lançada em CD-Rom, com mais de 8 mil expressões recolhidas em todas as regiões do país.
"Nossa intenção era lançar o dicionário também em papel. Mas, mesmo com o benefício da Lei Rouanet, não conseguimos patrocínio. Por isso está saindo somente em CD-Rom. Quem abrir vai encontrar a forma de um livro, com as expressões organizadas por ordem alfabética, com possibilidade de busca e, conforme a pessoa passa o mouse as páginas vão se abrindo", explicou Mara Fontoura, uma das autoras.
Expressões
As expressões populares fazem parte da língua falada pelas pessoas. As origens são diversas, muitas de outros países, algumas criadas por escritores e adotadas pela sociedade, e até gírias que tiveram uso por um tempo mais longo que se tornaram expressões. "Não sei se caso ou compro uma bicicleta foi uma expressão que não conseguimos descobrir a origem. O significado é claro, alguém que está em situação de dúvida, entre a cruz e a espada. A nossa intenção era colocar o significado e a origem de cada uma das expressões, mas algumas não conseguimos encontrar o fio da meada", contou Mara Foutoura.
Um outro exemplo é a expressão é uma brasa, mora, gíria que surgiu na década de 1960, pela Jovem Guarda, que entrou no dicionário porque teve um uso mais longo. "Hoje é demodê, mas foi uma gíria que teve um uso por um grande período de tempo. Incluímos mais como uma curiosidade", disse Mara, explicando que a gíria se caracteriza pelo caráter efêmero. "Gíria é mais moda. Expressões têm uso mais permanente", completou.
Ao analisar o CD-Rom o leitor vai encontrar o significado e a origem de expressões como: cada macaco no seu galho, por cima da carne seca, a casa caiu, bola fora, salvo pelo gongo, entre outras. A história sobre a origem da expressão Salvo pelo gongo é bastante curiosa. Teria surgido na Europa e fazia referência às pessoas que bebiam vinho em taças de um certo metal que as deixavam derrubadas, como mortas. Muitas pessoas eram enterradas vivas e, foi-se percebendo que elas ficavam com o rosto arranhado, provavelmente porque acordavam do porre e se viam enterradas. Com o tempo, foi colocado um sino ao lado do caixão e por sete dias uma pessoa fazia vigília. Quando a pessoa acordava ela acionava o sino e assim era salva pelo gongo.
"Também incluímos algumas expressões que caíram em desuso como ensacou a viola, que significa larga mão disso. Foi muito usada no início do século XX, mas hoje em dia não é falada", afirmou Mara.
Pesquisa
O dicionário é o resultado de mais de dois anos de pesquisas realizada pelos autores. A idéia inicial surgiu há 10 anos, quando Mara publicou um livro sobre ditados brasileiros: "Como diz o Ditado". "Percebi que era uma área ampla e daí surgiu a idéia de fazer um dicionário de expressões populares". Assim foram feitas pesquisas na internet, em livros, em dicionário idiomáticos, de gírias, e feitas entrevistas com pessoas para pesquisar a origem e o significado das expressões. Algumas expressões específicas de algumas regiões do país não foram incluídas, apesar de estarem registradas em dicionários regionais como o baianês, o cearense e o mineiro.
"Rimos muito fazendo este trabalho. Apesar de estar lançando um produto acabado temos idéia de ampliar, atualizar o atual dicionário e tentar lançar em papel. Dicionário é uma coisa que precisa estar sempre sendo revista, ainda mais quando tratamos de expressões faladas no dia a dia das pessoas", disse Mara Fontoura, adiantando que também planeja lançar um livro sobre crendices populares.
O preço sugerido do CD-Rom é de R$ 20,00.
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