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De acordo com o bandoneonista Alejandro Di Núbila, a proposta do concerto é unir as culturas argentina e brasileira | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
De acordo com o bandoneonista Alejandro Di Núbila, a proposta do concerto é unir as culturas argentina e brasileira| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Há 20 anos no Brasil, o bandoneonista argentino Alejandro Di Núbila sempre quis criar oportunidades de encontro entre as culturas dos dois países. Uma delas aconteceu na formação do Trio Santa Fé, há cerca de sete anos, com o contrabaixista Marsal Nogueira e o pianista Fábio Cardoso – ambos brasileiros. A mais recente poderá ser vista hoje e amanhã, às 20h30, na Capela Santa Maria, no concerto Encontros: Piazzolla e Villa-Lobos. O trio apresenta obras dos dois compositores com a proposta de criar uma ponte entre as culturas brasileira e argentina. "São diferenças que se complementam", diz Di Núbila.

De acordo com o músico, há uma série de ligações entre o argentino Astor Piazzolla (1921–1992) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887–1959). Os dois compositores tinham grande admiração por Bach e Stravinsky, o que se reflete em suas obras. "Outra característica é que os dois, que foram contemporâneos por um período de 40 anos, podem ser considerados compositores nacionalistas. Eles vão beber nas fontes da música popular de seus países", diz. "Ambos tiveram forte influência da corrente nacionalista que estava acontecendo no mundo todo, que, basicamente, era isso: pegar elementos do folclore, da música popular de seus países, e dar uma nova roupagem, misturando com a música erudita", diz. "E são, talvez, os compositores mais importantes em seus respectivos países."

Concerto

Da obra de Villa-Lobos, serão tocadas músicas como "O Trenzinho do Caipira", da Bachianas Brasileiras N.º 2, e a "Ária (Cantilena)", da Bachianas Brasileiras N.º 5. "Foram colocados elementos de tango nas músicas, o que seria um toque de Piazzolla dentro de Villa-Lobos", explica Di Núbila, que é responsável pelos arranjos e transcrições das obras – originalmente compostas para outras formações. De Piazzolla, os tangos "Soledad" e "Adiós Nonino" serão interpretados pelo trio. "A principal marca é o tango", diz Di Núbila.

"Os compositores têm estilos próprios, que fazem parte das diferenças e paradoxos que po­­demos traçar entre Argentina e Brasil, e que, aparentemente, são grandes diferenças. Mas, quando se vai ver, não são tanto diferenças quanto complementos de estilos de música e maneiras de agir", explica o músico.

"Minha ideia é promover um encontro entre Argentina e Brasil de uma maneira mais humana, mais real. Quando se fala em integração, 99% das vezes se fala em economia, como se isso fosse resolver alguma coisa em nosso conhecimento entre os povos. Mas, no dia a dia das pessoas, o que vale é o conhecimento da cultura, que é onde as pessoas se refletem."

Serviço

Encontros: Piazzolla e Villa-Lobos, por Trio Santa Fé. Capela Santa Maria (R. Conselheiro Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Hoje e amanhã, às 20h30. Os ingressos custam R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada). Na sexta-feira, das 14 às 18 horas, haverá um workshop gratuito, ministrado pelo trio.

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