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Dinho Ouro Preto está internado desde o dia 1º e relata sua difícil recuperação no hospital Sírio-Líbanês | Aniele Nascimento / Arquivo da Gazeta do Povo
Dinho Ouro Preto está internado desde o dia 1º e relata sua difícil recuperação no hospital Sírio-Líbanês| Foto: Aniele Nascimento / Arquivo da Gazeta do Povo

Sem dar notícias há 22 dias, o vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, escreveu nova carta aos fãs no site da banda. Desculpando-se por "sumir por tanto tempo", Dinho relata sua difícil recuperação no hospital Sírio-Libanês, onde foi internado no dia 1º de novembro, após sofrer uma queda de palco de uma altura de três metros durante um show em Minas Gerais. "Em um momento você se acha dono do mundo, capaz de fazer o que lhe vier a cabeça. No momento seguinte, você não sai da cama sozinho. Eu tive que me adaptar a uma nova condição. Eu acredito, e os médicos também, que voltarei a ser quem eu era. Porém, passar por algo assim, sem alguma transformação é impossível. Meu corpo vai voltar a ser como era, mas acho que vou ficar com "marcas" emocionais pra sempre", contou Dinho na carta, a terceira que ele escreveu desde que deu entrada no hospital. Um dia antes, o Capital Inicial desmentiu boatos sobre a morte de Dinho que circulavam pela internet.

Em sua internação, o cantor teve duas passagens pela Unidade de Tratamento Intensivo: a primeira para se recuperar do traumatismo craniano leve, fissuras em seis vértebras e fraturas em três costelas, sofridas no acidente de palco, e a segunda para se livrar de um quadro infeccioso. "Pequena curiosidade para os supersticiosos: caí do palco no dia das bruxas e peguei a grave infecção que prolongou miha internação na sexta-feira treze. Que medo, ahahaha", brincou o músico.

O tom geral da carta, porém, é mais reflexivo. "Não acho que eu fosse arrogante ou indiferente, mas tenho pensado muito no meu comportamento. Dentro de um hospital, depois de alguns dias, você experimenta momentos que se aproximam do pânico. Sente-se muito medo e solidão. Há tempo de sobra pra introspecção. Se tudo der certo, vou pra casa na semana que vem. Estou muito curioso pra ver se quando voltar pra casa, me sentirei diferente de quando entrei", disse.

Leia abaixo a íntegra da carta de Dinho Ouro Preto:

Carta do Dinho - 28/11/09

Olá amigos,

Me desculpem por sumir por tanto tempo, mas eu passei por momentos muito difíceis. Provavelmente os mais difíceis da minha vida. Até ontem, eu não conseguia ler ou escrever. As cartas anteriores foram ditadas. Nada poderia ter me preparado para algo assim.

Numa fração de segundo, o acidente, depois semanas de recuperação lenta e dolorosa. Em um momento você se acha dono do mundo, capaz de fazer o que lhe vier a cabeça. No momento seguinte, você não sai da cama sozinho. Eu tive que me adaptar a uma nova condição. Eu acredito, e os médicos também, que voltarei a ser quem eu era. Porém, passar por algo assim, sem alguma transformação é impossível. Meu corpo vai voltar a ser como era, mas acho que vou ficar com "marcas" emocionais pra sempre.

Não quero parecer com alguém que tenha pena de si, muito pelo contrário, estou cercado de pessoas muito mais machucadas do que eu. No entanto, durantes minhas semanas de internação fui tratado com respeito, compaixão e bondade. Essas palavras sempre me comoveram, mas agora eu sinto muita vontade de poder passar isso adiante. Não acho que eu fosse arrogante ou indiferente, mas tenho pensado muito no meu comportamento.

Dentro de um hospital, depois de alguns dias, você experimenta momentos que se aproximam do pânico. Sente-se muito medo e solidão. Há tempo de sobra pra introspecção. Se tudo der certo, vou pra casa na semana que vem. Estou muito curioso pra ver se quando voltar pra casa, me sentirei diferente de quando entrei.

Ao longo da minha hospitalização recebi mensagens, telegramas, telefonemas e flores do Brasil todo. Da minha família, amigos, colegas, fãs e também de muito desconhecidos. Todos profundamente comoventes. Fico pensando em como agradecer ou retribuir, mas não há como. Mesmo assim, gostaria que essas pessoas soubessem que seus gestos e palavras foram determinantes na minha recuperação.

Obrigado.

Um outro bom momento foi a atitude do Capital, a banda na qual eu toco há tantos anos. A solidariedade deles me surpreendeu pela falta de limite. O carinho com o qual me trataram foi algo que nunca esquecerei.

Acho essa postura, de estarem tão presentes, me encheu de confiança neles. Tanta confiança, que fizemos algo inédito na nossa carreira, eles começaram o disco novo sem mim.

Tínhamos ensaiado muito, estava tudo no lugar e meu acidente foi poucos dias antes da data marcada para o início das gravações. Me foi perguntado se eu queria adiar tudo, mas achei melhor deixar nas mãos da banda. Eu acompanhei de longe, via skype. Estamos trabalhando com um novo produtor, um cara chamado David Corcos, que merece cada gota da confiança que demos a ele. Acho que os fãs do Capital vão gostar muito desse disco.

Nós estamos adorando e faz muito tempo que não tomamos tanto cuidado com tudo. Da primeira à última palavra, dos timbres, a cada nota dos solos. Estamos trabalhando nesse projeto há mais de um ano, e mesmo um acidente como o meu não deveria fazê-lo parar. The show must go on. Essa convicção foi outro remédio, mais forte do qualquer coisa que tenham me dado.

Pequena curiosidade para os supersticiosos: caí do palco no dia das bruxas e peguei a grave infecção que prolongou miha internação na sexta-feira treze. Que medo, ahahaha.

Obrigado por tudo,

Dinho

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