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Tesla Roadster 100 é vendido por US$ 98 mil nos EUA | Divulgação/ Tesla Motors
Tesla Roadster 100 é vendido por US$ 98 mil nos EUA| Foto: Divulgação/ Tesla Motors

Cannes

• Mulheres por trás das câmeras – O jornal inglês The Guardian chama a atenção para a ausência de mulheres na direção de filmes no Festival de Cannes deste ano, que comemora seu 60.º aniversário. O Festival coordenou o Chacun Son Cinéma (Cada um o Seu Cinema), compilação de curtas de 35 realizadores, dentre os quais a única mulher é Jane Campion (de O Piano e Fogo Sagrado). Outra ausência apontada pelo jornal é de realizadores indianos, país que produz a maior quantidade de filmes por ano.

• Apostas – Talvez ainda seja cedo para lançar as fichas, mas três filmes até agora conquistaram a crítica, com grandes chances de vencerem. Dois americanos: No Country for Old Men, de Joel e Ethan Coen, e Paranoid Park, de Gus Van Sant; e um romeno: 4 Months, 3 Weeks and 2 Days, de Cristian Mungiu, filme que narra um caso de aborto na Romênia dos anos 80, o mais elogiado de toda a seleção competitiva até agora.

A quatro dias do final do Festival de Cannes, as apostas estão a todo vapor. Gus Van Sant, diretor de Elefante – filme ganhador da Palma de Ouro em 2003 – entrou na competição com Paranoid Park. O longa dá continuidade à reflexão sobre o universo adolescente, com um elenco formado por atores jovens e amadores e imagens oníricas de skatistas em ação.

Assim como em Elefante, inspirado na matança do colégio de Columbine, em Paranoid Park Van Sant explora a angústia de adolescentes que não conseguem se comunicar com os adultos, como se uns e outros vivessem em dois mundos paralelos, que caminham juntos, mas não se tocam. A morte também está onipresente no filme. Mas nele não há fúria homicida. Alex, o protagonista, um jovem de 16 anos aficionado do skate, mata acidentalmente um guarda de segurança perto de um terreno para a prática do esporte, chamado Paranoid Park, um local com fama de barra pesada onde o jovem foi em busca de emoções. Um gesto quase inconsciente muda a sua vida. Alex continua vivendo trancado em si mesmo, com o peso de seu terrível segredo e do arrependimento nas costas.

"Gosto realmente de trabalhar com atores não profissionais porque desse modo experimento coisas que são naturais para eles e filmo esse lado deles, em lugar de começar a criar do nada", disse Van Sant após a sessão em que Paranoid Park foi exibido para a imprensa, anteontem.

O filme se baseia em um romance de Blake Nelson que Van Sant adaptou, transformando sua estrutura narrativa e imprimindo sua marca: fragmentação do retrato, beleza plástica das imagens e uma impactante trilha sonora em que a música de Beethoven se mistura com a moderna. O cineasta leva o público a viver de dentro o drama de Alex, uma espécie de "crime e castigo na escola", nas palavras do cineasta.

O segundo filme da mostra competitiva, exibido nesta segunda-feira, Import-Export, do austríaco Ulrich Seidl, é um filme sombrio que conta as histórias paralelas de uma imigrante ucraniana na Áustria, onde trabalha como faxineira de um hospital geriátrico, e um desempregado austríaco que faz a viagem inversa. Usando planos e tons cinza, Seidl mostra uma sociedade sinistra e desumanizada com um olhar excessivamente negativo, que não dá lugar à menor luz de esperança. A exibição de Paranoid Park poderá mudar os prognósticos, que já avançam no Festival de Cannes sobre os possíveis candidatos à Palma de Ouro. Mas a verdade é que ainda falta ver a metade dos filmes em competição. E que, de qualquer forma, em Cannes, os prognósticos raramente coincidem com a decisão do júri.

Déficit

Primeiro filme dirigido pelo mexicano Gael García Bernal, Déficit foi aplaudido por uma platéia que incluía Walter Salles (que trabalhou com o ator em Diários de Motocicleta), a produtora brasileira Lina Chamie, o ator espanhol Javier Bardem e os diretores mexicanos Alejandro González Iñárritu e Alfonso Cuarón, entre outros artistas. O filme fala sobre a vida de jovens ricos e negócios escusos. Racismo, desejo, drogas, pobreza, diferenças sociais, amizades vazias e a natureza exuberante do México são alguns dos temas do filme, considerado "experimental" pelo seu autor. Walter Salles lembrou que, na realidade, não foi totalmente uma estréia de Gael como diretor. "É quase o seu segundo filme", afirmou, pois "ele foi praticamente um co-autor de Diários de Motocicleta". "Gael é o tipo de ator que torna as coisas possíveis", afirmou o cineasta brasileiro. "Ele se caracteriza por se entregar completamente aos seus projetos, com uma integridade e um talento raros, e por isto é único", elogiou. Após a estréia, ainda muito emocionado, García Bernal garantiu que não pensa em deixar de ser ator. "Dirigir me encanta e atuar me fascina", comparou.

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