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As intervenções sonoras sobre a cena muda dão o tom a Contos Proibidos de Antropofocus | François Yukio Sumi
As intervenções sonoras sobre a cena muda dão o tom a Contos Proibidos de Antropofocus| Foto: François Yukio Sumi

Serviço

Contos Proibidos de AntropofocusQuando: De quarta a sábado, 20h; Domingo, 19h. Em cartaz até o dia 28 de junhoQuanto: R$ 10; portadores do Cartão do Teatro Guaíra pagam meia-entradaOnde: Teatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655 - Centro - Curitiba (PR). Telefone: (41) 3322-7150)Confira o serviço completo no Guias e Roteiros RPC.

Bom ver as casas cheias para receber espetáculos teatrais da cidade. Neste fim de semana de temperaturas mais baixas que as habituais, duas montagens curitibanas de apelos antagônicos deixaram satisfeitos os espectadores que enfrentaram o frio para ocupar seu lugar na plateia: a comédia Contos Proibidos de Antropofocus, em sua segunda temporada na cidade, e o drama Kafka – Escrever É um Sono Mais Profundo do Que a Morte.

A trupe do Antropofocus, dirigida por Andrei Moschetto, encontrou um pequeno desvio no percurso cômico que seguia desde Amores e Sacanages Urbanas e Pequenas Caquinhas, seus dois maiores sucessos de público. Em cartaz no Teatro José Maria Santos, inaugurando o Circuito Cultural Sesi/Teatro Guaíra, os Contos Proibidos... são uma colagem de quatro cenas regidas por uma mesma lógica: a ausência de falas, dando lugar ao potencial dos demais recursos sonoros para fazer rir. O trabalho, comandado pelo sonoplasta Célio Savi, funciona pela afinação do elenco, que emite ruídos sugestivos sem nunca perder o timing da cena.

A incomunicabilidade como pano de fundo evidencia a solidão dos tipos urbanos em situações coletivas em que a interação é minimizada, como à espera do ônibus ou dentro de ônibus ou metrô, em um banheiro masculino ou, a mais inusitada, em uma sala de "encontro" privada com bonecos infláveis. Brincam com a timidez, as dificuldades de relacionamento, a sexualidade e a escatologia, sem tombar na baixaria.

Ao extirpar as palavras, o Antropofocus reafirma seu perfil de grupo interessado em pesquisa, portanto, em sair do lugar-comum (atitude bem-vinda nas artes em geral e, especialmente, na comédia). Além disso, amplia suas chances de extrapolar os limites territoriais lusófonos e ser convidado a mostrar seu trabalho em países falantes de qualquer língua – o que é vontade manifesta de Moschetto, e já não parece uma ambição tão distante. E o mais importante, diriam alguns, sustenta a relação eficaz com o público, que é atingido em cheio pelas cenas e preenche os silêncios restantes com risos.

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